research

Caracterização dos sedimentos da Lagoa da Apúlia (PNLN), Esposende, NW de Portugal

Abstract

A Lagoa da Apúlia é um espaço natural enquadrado no Parque Natural Litoral do Norte (PNLN). Tem existido interesse, por parte do PNLN, em reabilitar este ambiente classificado como zona de proteção parcial do tipo 1 e com o seu Habitat classificado como prioritário pela Diretiva Habitats. O objetivo do estudo é compreender os processos que controlam o enchimento da lagoa e, para tal, aproveitou-se uma intervenção levada a cabo pelo PNLN, para amostrar o material proveniente até 4 metros profundidade. Foram recolhidas 10 amostras provenientes de 3 perfis. As amostras foram sujeitas ao seguinte tratamento laboratorial: secagem em estufa a temperatura inferior a 40 °C; quartilhamento; análise dimensional obtida por crivação no RoTap durante 15 minutos, segundo uma escala dimensional com intervalos iguais a √2, e por Sedigraph, para as partículas inferiores a 62 μm. Para os cálculos granulométricos e dos parâmetros estatísticos foi usado o programa SEDMAC/SEDPC (Henriques, 2003). Cada fração retida nos crivos foi observada à lupa binocular, tendo sido registada qualitativamente a composição, a sua abundância relativa, a forma e o desgaste dos grãos. O enchimento da Lagoa da Apúlia, até 4 metros de profundidade, é genericamente constituído por sedimentos areno-lodosos, variando de areão, 15 % nas camadas mais profundas, a areia, 30 % nas intermédias, contendo uma fração fina abundante, até cerca de 60 % de limo e argila nas camadas do topo. Os grãos são, na sua maioria, de quartzo, biotite e moscovite, de modo geral, com forma esférica a subdiscoide e apresentando-se angulosos a subangulosos. No estudo à lupa existiu uma especial atenção para a pesquisa de organismos (ou seus restos) de origem marinha e terrestre, que se verificou serem inexistentes, no caso dos de origem marinha, aparecendo apenas restos de origem vegetal. Os resultados indicam que os sedimentos até à profundidade amostrada, são de origem próxima, cujo transporte ocorreu com variações de energia, atingindo condições para a deposição gravítica da fração fina de lodo. Conclui-se que a Lagoa da Apúlia tem sido dominada por assoreamento, por ação de transporte fluvial. A condição lacustre com interesse a ser preservada em termos de Habitat, embora historicamente instalada, está ameaçada, sendo a colmatação da lagoa a tendência dominante atualmente. Os estudos realizados na região por Granja, et al. (2010), indicam que a área esteve sujeita a três fases distintas, sendo a primeira correspondente a um ambiente do tipo estuarino ou fluvial, a segunda a um ambiente de lagoa e a terceira a um ambiente eólico, terminando com a pedogénese deste. Neste contexto, a Lagoa da Apúlia pode ser usada como testemunho da evolução ambiental da zona litoral norte.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

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