(Excerto) Olhando para o percurso do RadioActive, há uma ideia que parece ser
transversal a todo o projeto. Referimo-nos a um princípio que chamaríamos
de “identificação” e que foi determinante – é determinante – nos processos de
investigação participativa. Falamos da identificação dos investigadores com
os princípios da investigação-ação, da identificação das intervenções com as
particularidades de cada contexto. Da imprescindível e progressiva identificação
dos participantes com o projeto.
Na verdade, sem esta multifacetada identificação é impossível pensar em
resultados sustentáveis e persistentes. Investigadores e demais participantes
têm de sentir que o projeto é “seu”, que os objetivos são “seus”, embora o
façam necessariamente a velocidades diferentes.
A aprendizagem, neste âmbito, expande-se sempre de dentro para fora,
emerge dos interesses do sujeito e não de uma estrutura pré-concebida e imposta
pelos que chegam (Ravenscroft et al., 2011), neste caso, os investigadores.
Uma das diferenças das pesquisas participativas em relação às tradicionais
é, precisamente, a atuação coletiva e não solitária do investigador. Os pesquisadores
fazem parte de um processo participatório em que estão envolvidos
numa estrutura (Cammarota & Fine, 2008: 5).
Paulo Freire é o autor primordial em todos os projetos e países onde a
RA101 foi aplicada. As suas concepções em torno da investigação-ação participativa
tentam apontar sempre para uma ação e também para uma reflexão
sobre os processos