Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação
Abstract
Problematizar a relação infância-criança-corpo e brincadeira é uma necessidade inadiável para os que assumem o compromisso com a emergência da voz e com a afirmação da cidadania de uma a categoria social estrutural (QVORTRUP, 2001), que permanece como “rebanho” no imaginário de uma cultura entrópica. Reter em zona periférica uma das estruturas vitais à própria composição social faz-se um fator de auto-limitação civilizacional.
O brincar, um direito da infância, sem nunca ter sido, no contexto da educação formal,
é alvo autorizado de uma ação invasiva e, orientada por decisões de uma geração que não
mais o protagoniza, entretanto sobre ele insiste em legislar. Tolerado, enquanto um mal
necessário, pela benevolência educativa – e até certo ponto -, encolhe no currículo da escola
de educação da infância. Reiterado, através de práticas educativas da geração
profissionalizada nas funções de ensinar, como manifestação anômala ao contexto das aprendizagens formais, é rapidamente percebido, pela categoria social geracional mais nova, como espaço-tempo transgressor. O desafio de interrogar as políticas públicas para a educação ou o modelo de escola
que representa a vigência de um Estado de bem estar social, deflagra a percepção de uma crise
que penetra, com força avassaladora, o campo da educação da infância. Essa consciência deve
suscitar o desejo de ousar pensar para além de um modelo de escola que veicula de forma
homogênea a cultura hegemônica e, desconsidera as culturas “não legítimas”. (LAHIRE,
2006). A apropriação da autonomia de uma categoria social em nome da sua redenção
naturaliza a lógica do “rebanho” dependente de um “agente emancipador” ou de um “pastor”
a preceituar sobre sua soberania. Desta legitimação não precisa a infância.CIEC – Research Centre on Child Studies, IE, UMinho (FCT R&D unit 317), PortugalStrategic Project UID/CED/00317/201