A hostilidade em relação às pessoas não-heterossexuais, comummente chamada de discriminação sexual, homofobia ou homo-negatividade, é um fenômeno evidente em várias sociedades e culturas, quer ocidental quer africana, visível nas escolas moçambicanas. A profissão docente é uma ocasião não só para reproduzir os padrões sociais e normativos sexuais, mas também para questionar, discutir e desconstruir todas as "verdades" acabadas e recebidas muitas vezes de forma acrítica pelos estudantes e a sociedade em geral. Neste contexto, esta investigação tem como objetivo analisar quais são as atitudes de alunos do Curso de Licenciatura em Educação em Biologia de Moçambique em relação a gays e lésbicas. Foi selecionada uma amostra (N=127) composta por estudantes universitários matriculados, do primeiro ao último ano em curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na Faculdade de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Pedagógica de Maputo. Uma escala de atitude para gays e lésbicas, que incluiu quatro fatores (condenação do comportamento homossexual, moralidade, contato com os homossexuais e estereótipos) foi utilizada como instrumento de coleta de dados. Os resultados mostraram que os estudantes tinham atitudes moderadamente negativas em relação aos homossexuais, as quais foram influenciadas pela experiência docente, idade, estado civil, religiosidade e conhecimento de pessoas homossexuais, enquanto que as variáveis como género, área e local de residência, não tiveram efeitos estatisticamente significativos sobre as atitudes em relação aos homossexuais. Os resultados deste estudo mostram como é urgente trabalhar a diversidade sexual e, mais especificamente, a homo-negatividade, na formação inicial de professores