Avaliação da eficácia de um programa de intervenção psicológica na obesidade infantil ao nível do auto-conceito, das estratégias de coping e do comportamento alimentar das crianças e dos pais
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica)A obesidade é um problema de saúde global, sendo hoje considerada a epidemia do século XXI
(OMS, 2011). Além da prevenção, a intervenção precoce na obesidade infantil torna-se uma
prioridade. Contudo, os bons resultados quando se conseguem são pouco persistentes uma vez que a
obesidade é muito resistente ao tratamento (Viana, 2002).
O presente estudo tem como objetivo principal avaliar a eficácia de um programa de intervenção
psicológica de grupo na obesidade infantil ao nível do IMC (Índice de Massa Corporal), padrões e
atitudes alimentares da criança, auto-conceito, estratégias de coping e atitudes alimentares dos pais.
Foram utilizados como instrumentos o Teste de Atitudes Alimentares em Crianças (ChEAT; Maloney,
McGuire, & Daniels, 1988; versão portuguesa traduzida e adaptada por Santos & Baptista, 2001), a
Escala de auto-conceito para Crianças e Pré-Adolescentes de Susan Harter (SPPC; Harter, 1995;
versão portuguesa traduzida e adaptada por Martins, Peixoto, Mata, & Monteiro, 1995), o Inventário
de estratégias de coping (SCSI; Ryan-Wenger, 1990; versão portuguesa traduzida e adaptada por
Lima, Lemos, & Guerra, 2002) e o Teste de Atitudes Alimentares (EAT; Garner, Olmsted, Bohr, &
Garfinkel, 1982; versão portuguesa traduzida e adaptada por Pereira et al., 2006 ).
A amostra é constituída por 39 crianças e pré-adolescentes, e seus progenitores, distribuídos pelo
grupo experimental (n = 19) e pelo grupo de controlo (n = 20). As crianças de ambos os grupos tinham
entre 8 e 12 anos, apresentavam o diagnóstico clínico de obesidade e eram acompanhadas na consulta
de Gastrenterologia e Nutrição Pediátrica. Além destes requisitos, as crianças do grupo experimental
frequentaram uma intervenção psicológica de grupo na obesidade infantil.
Os grupos mostraram-se semelhantes nas medidas dependentes no pré-teste. Os resultados
evidenciaram o efeito do programa ao nível da diminuição do IMC e do aumento do consumo de água
no grupo experimental. As crianças do grupo experimental também passaram a ter um maior controlo
sobre a comida. Contudo, o programa de intervenção psicológica não teve efeito ao nível do autoconceito
e das estratégias de coping. Os resultados revelaram, ainda, uma associação entre as atitudes
alimentares da criança e as atitudes alimentares do pai. Esta associação não foi visível entre as atitudes
alimentares da criança e da mãe.
Em suma, os resultados deste estudo empírico demonstraram a importância de aliar o tratamento
médico a uma intervenção psicológica quando falamos da epidemia do século XXI: a obesidade!Obesity is a global health problem, now regarded as the epidemic of the 21st century (WHO,
2011). Besides prevention, early intervention in childhood obesity becomes a priority. However, good
results are achieved when they are just as persistent obesity is very resistant to treatment (Viana,
2002).
The present study aims at assessing the effectiveness of a program of group psychological
intervention in childhood obesity at the level of BMI (Body Mass Index), child eating attitudes and
patterns, self-concept, coping strategies and eating attitudes of the parents. Were used as instruments
the Eating Attitudes Test in Children (ChEAT; Maloney, McGuire, & Daniels, 1988; Portuguese
version translated and adapted by Santos & Baptista, 2001), the Self-Perception Profile for Children
(SPPC; Harter, 1995; Portuguese version translated and adapted by Martins, Peixoto, Mata, &
Monteiro, 1995), the Schoolagers’ Coping Strategies Inventory (SCSI; Ryan-Wenger, 1990;
Portuguese version translated and adapted by Lima, Lemos, & Guerra, 2002) and the Eating Attitudes
Test (EAT; Garner, Olmsted, Bohr, & Garfinkel, 1982; Portuguese version translated and adapted by
Pereira et al., 2006).
The sample consisted of 39 children and preteens and their parents, distributed by the experimental
group (n = 19) and the control group (n = 20). Children in both groups had between 8 and 12 years, the
clinical diagnosis of obesity and were accompanied by the consultation Pediatric Gastroenterology and
Nutrition. In addition to these requirements, children in the experimental group attended a group
psychological intervention in childhood obesity.
The groups were similar in the dependent measures at pretest. The results showed the effect of the
program in terms of decreased BMI and increased water consumption in the experimental group.
Children in the experimental group also started to have more control over the food. However, the
psychological intervention program had no effect at the level of self-concept and coping strategies.
The results also revealed an association between the child's eating attitudes and eating attitudes of the
father. This association was not seen between the eating attitudes of the child and mother. In sum, the
empirical results of this study demonstrated the importance of combining medical treatment with
psychological intervention when we talk of the epidemic of the XXI century: obesity