-Ao longo do século XIX, muitos foram os momentos de tensão na relação entre o ministério e o monarca. Isto porque o monarca era o chefe do Poder
Executivo, que exercia através de seus ministros de estado, agentes deste poder, e contava também com o Poder Moderador, o que para alguns
contemporâneos configurava-se num desequilíbrio entre os poderes. Contudo, para compreender o funcionamento destes poderes não basta buscar
sua dinâmica na Constituição, visto que uma mudança significativa, e até hoje negligenciada pela historiografia, foi a criação do cargo de Presidente
do Conselho de Ministros, em 1847. O decreto estabelecia uma nova feição para a organização da administração do Estado Monárquico e, de certa
forma, redefinia uma das atribuições do Poder Moderador. Segundo a Constituição, o Imperador nomeava e demitia “livremente os ministros de
Estado”. A partir da criação do cargo de Presidente do Conselho, os membros do gabinete eram escolhidos por este, com a anuência do Imperador.
Esta pesquisa foi elaborada a partir de dois projetos correlacionados: O Monarca e o Ministério: a experiência política dos Presidentes do Conselho
de Ministros (1840-1889), financiado pela Fapemig e com bolsa PROBIC, e também O Poder executivo na Monarquia Constitucional: A presidência
do Conselho Ministerial e a experiência política dos ministros de estado no Império do Brasil (1840-1889), com bolsa BIC e PROVOQUE. O objetivo
da pesquisa é discutir a formação dos ministérios ao longo do Segundo Reinado, tendo em vista as trajetórias intelectuais e políticas dos ministros
que organizaram os gabinetes, os chamados presidentes do conselho de ministros. Buscamos recuperar a origem política destes ministros, desde o
local de início de sua carreira até os laços de parentesco e o perfil de sua formação. Inseridos no quadro indeterminado de alternativas políticas, que
se constroem no embate de diferentes atores sociais, estes ministros nos possibilitam recuperar novas facetas da história social da política do século
XIX