Remoção de arsénio em sistemas em sistemas de abastecimento de água. Um caso de estudo

Abstract

A presença de arsénio nas origens de água para consumo humano é um problema que tem suscitado uma preocupação crescente a nível mundial devido à sua repercussão na saúde pública, originando, a sua exposição prolongada, lesões cutâneas graves e perturbações neurológicas incapacitantes. Vários estudos epidemiológicos vieram confirmar a potencial acção cancerígena de algumas espécies de arsénio, levando a OMS a recomendar uma redução drástica no valor-guia (de 0,050 para 0,010 ppm) da norma de qualidade da água para consumo humano. A União Europeia aprovou a Directiva n.º 98/83/CE (Drinking Water Directive - DWD), que impôs a adopção desse novo limite (0,010 ppm) a partir de 25/12/2003, mantendo-se esse valor paramétrico na legislação portuguesa em vigor (DL 306/2007, de 27 de Agosto). Esta alteração legislativa colocou muitas origens de água de pequenos e médios sistemas de abastecimento numa situação de incumprimento, ainda que sazonal, implicando que as entidades gestoras desses sistemas de abastecimento de água tivessem de promover a adaptação das técnicas utilizadas para remoção de arsénio em ETA já existentes, através da realização de obras de reconversão, ou de construir/ampliar ETA, de modo a instalar processos de remoção de arsénio até então não necessários. Quando a substituição dessas origens de água se revela impossível ou demasiado dispendiosa, a remoção do arsénio na água bruta coloca-se como a única opção viável para se obter uma água segura para consumo humano, tornando pertinente o desenvolvimento de tecnologias de remoção inovadoras, mais eficientes e economicamente sustentáveis, aplicáveis a sistemas de abastecimento. de pequenos e médios aglomerados populacionais. Neste trabalho faz-se uma síntese dos principais impactos da ingestão (por via hídrica) de arsénio na saúde humana e dos principais processos de tratamento (convencionais e emergentes) utilizados nas águas para consumo humano, incluindo uma análise das respectivas eficiências, de modo a estabelecer critérios de selecção dessas tecnologias em função das características da água bruta a tratar e/ou dos esquemas de tratamento, no caso de ETA já existentes. Neste contexto, apresenta-se o caso de estudo da reabilitação da ETA de Manteigas, efectuada pela empresa Águas do Zêzere e Côa (AdZC), onde se implementou, com o sucesso que os resultados obtidos demonstram, uma solução eficaz e economicamente sustentável de correcção dos níveis de arsénio numa água bruta com excelente qualidade microbiológica, baseada num processo de filtração reactiva, que utiliza o óxido de ferro como material adsorvente, permitindo eficiências de remoção muito elevadas (superiores a 90%

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