Os manuais escolares e a aprendizagem baseada na resolução de problemas: um estudo centrado em manuais escolares de Ciências Físico-Químicas do Ensino Básico
As competências associadas à resolução de problemas são, desde há bastante tempo, consideradas relevantes para qualquer cidadão, não só no âmbito escolar mas também em contextos do dia-a-dia. Contudo, actualmente defende-se que mais importante do que
aprender a resolver problemas tipo, que exigem a implementação de algoritmos e o recurso a
conhecimentos conceptuais previamente adquiridos, é que o aluno aprenda “novos”
conhecimentos resolvendo problemas (Lambros, 2004). A defesa desta posição é consistente
com o facto de, no dia-a-dia, os problemas surgirem antes de os cidadãos estarem na posse
dos conhecimentos e das competências necessárias para os resolver. Neste contexto, os
problemas tornam-se o ponto de partida para a aprendizagem. Simultaneamente, o centro dos
processos de ensino e de aprendizagem passa do professor para o aluno. Assim, em vez de
termos um ensino que recorre a problemas para consolidar aprendizagens, passamos a ter uma
Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas (ABRP), do inglês Problem Based
Learning (PBL). O aluno, em vez de ser ensinado pelo professor, aprende por si próprio,
tirando partido de ambientes de aprendizagem que o professor cria para que ele aprenda
(Lambros, 2004).
Em Portugal, as Orientações Curriculares para as Ciências Físicas e Naturais (OCCFN),
do Ensino Básico, reconhecem a ABRP ao sugerirem “situações de aprendizagem centradas
na resolução de problemas, com interpretação de dados, formulação de problemas e de
hipóteses, planeamento de investigações, previsão e avaliação de resultados, estabelecimento
de comparações, realização de inferências, generalização e dedução” (DEB, 2001a, p.7). A
passagem das OCCFN para a sala de aula é mediada pelo manual escolar, que os professores
são obrigados a seleccionar e a adoptar nas diversas escolas