Este artigo, baseado no estudo da obra manualística de Seomara da Costa Primo, assume
como objectivos principais analisar quais os tipos e o papel das imagens dos manuais escolares
destinados ao ensino liceal de Botânica. Na tentativa de perceber como ocorreu uma evolução na
tipologia das imagens utilizadas por essa autora, compararam-se dois exemplares de uma das suas
obras paradigmáticas, o Compêndio de Botânica. Essa apreciação, apoiada numa abordagem
metodológica assente na análise de conteúdo, pelo estabelecimento de categorias a posteriori,
contribuiu para confrontar as fontes primárias – manuais escolares – quanto aos conteúdos que
incluem, as orientações curriculares, pedagógicas e didácticas que traduzem, as recomendações de
políticas educativas, curriculares e didácticas, assim como, os valores educativos e científicos que
sugerem.
Os resultados mostram que Seomara da Costa Primo utilizou uma pluralidade tipológica de
imagens para apoiar o desenvolvimento dos conteúdos e para ilustrar conceitos e fenómenos
complexos. Quanto à morfologia, constatou-se um claro predomínio das ilustrações sobre os
esquemas, sendo as ilustrações realistas o tipo iconográfico mais frequente. O número de fotografias,
inicialmente usadas residualmente, aumentou significativamente na edição mais recente, na qual há
ainda a salientar a incorporação de imagens coloridas. No que diz respeito à funcionalidade,
constatou-se que a função explicativa foi predominante, em claro contraste com a função catalisadora
de experiências, apenas associada a algumas imagens, e em evidente oposição à função
metalinguística, totalmente ausente na iconografia analisada