Tese de Doutoramento em Arqueologia - Área de Conhecimento de Arqueologia da Paisagem e do PovoamentoO presente trabalho insere-se no âmbito da Arqueologia Urbana e teve como objectivo geral o estudo da morfologia da cidade de Braga, desde a sua fundação romana até à Idade Moderna. Assim, para além da análise sincrónica da topografia da cidade nas épocas romana, medieval e moderna, procurámos, ainda, valorizar
os mecanismos históricos responsáveis, quer pela preservação, quer pela mudança dos elementos que caracterizam os planos urbanos, tendo em vista perceber a evolução diacrónica dos espaços físicos construídos.
A concretização deste trabalho só foi possível graças à utilização de uma metodologia multidisciplinar, que procurou valorizar os diferentes componentes em que pode ser categorizado o espaço das cidades, como sejam, o plano urbano, o sistema viário, as parcelas, os quarteirões e o edificado.
O estudo da topografia histórica de Braga privilegiou o cruzamento de diferentes fontes de informação, nas quais se incluem as arqueológicas, as iconográficas e cartográficas, as histórico-documentais, mas, também, as marcas
fossilizadas na paisagem urbana e no edificado actual, as quais foram objecto de um estudo de campo particular, usando uma metodologia de abordagem, inspirada na Arqueologia da Arquitectura.
Graças ao cruzamento de dados de natureza distinta foi possível elaborar plantas interpretativas para as três primeiras grandes fases históricas de ocupação da cidade (romana, medieval, moderna), e analisar a transformação de aspectos concretos da morfologia urbana, designadamente, o sistema viário, o parcelamento, os quarteirões e alguns edificados, considerados estruturantes na
morfologia urbana, como acontece com as muralhas.
Os resultados alcançados permitiram destacar: a relevância da Arqueologia Urbana enquanto fonte insubstituível para o conhecimento das etapas mais antigas de ocupação das cidades e para a caracterização das alterações ocorridas nos
elementos estruturantes do espaço urbano; as potencialidades oferecidas pelas fontes iconográficas e cartográficas para proceder a uma avaliação das alterações urbanísticas, mesmo para os períodos anteriores ao século XVI; o interesse da
aplicação de uma metodologia de levantamento sistemático das marcas materiais
conservadas e fossilizadas na paisagem urbana actual, enquanto indicadores dos
elementos que caracterizam a morfologia urbana.This is an Urban Archaeology work centered on the study of the city of Braga’s
urban morphology, from its Roman foundation through to the Modern Age. Thus, in
addition to the synchronous analysis of the topography of the city in roman,
medieval and modern times, I seek to understand the diachronic evolution of physical constructed space. For that task, I use the historical mechanisms responsible either for the preservation or for the changing of the elements that characterize urban plans.
A multidisciplinary approach was followed in order to highlight the different categorization components of cities, such as the urban plan, the road system, plots or lots, street blocks and building.
The study of the historical topography of Braga focused on the intersection of different sources of information, including archaeological, cartographical, iconographical and historical-documentary ones. The fossilized marks in the urban landscape and in present-day buildings were also the object of a particular field work, using a methodological approach inspired in the Archaeology of Architecture.
The crossing of different types of data, allowed for the development of interpretative plants of the first three major phases of historical occupation of the city (Roman, Medieval and Modern Ages), and paved the way to an analysis of the transformation of specific features of urban morphology, such as, in particular, road
systems, plots or lots, street blocks and some buildings, like city walls.
The obtained results allow us to propose: the need for an increased awareness of the importance of Urban Archaeology as an irreplaceable source to
the knowledge of cities’ most ancient settlements and as fundamental to the characterization of changes occurred in the structuring elements of urban space; the need to consider the potential offered by iconographical and cartographical
sources to the evaluation of urban changes, even regarding periods prior to the XVIth Century; the relevance of the application of a systematic survey of material marks – preserved and fossilized in the now existing urban landscape –
methodology as fundamental indicators of the elements that characterize the urban
morphology