Universidade do Minho. Centro de Ciências Históricas e Sociais (CCHS)
Abstract
Até que ponto o género é uma variável pertinente para a análise dos usos e representações
do tempo por parte dos docentes do ensino universitário? De que maneira esta variável, aparentemente
exógena ao campo académico, é compreendida pelos indivíduos implicados nesse mesmo
campo como variável modelante dos usos e representações do tempo especialmente no que
se refere aos processos de ascensão na carreira? Estas são as perguntas principais em relação às
quais pretendo ensaiar algumas pistas de análise que derivam fundamentalmente da apreciação
da literatura existente sobre o assunto e da sistematização da informação que recolhi através da
análise documental, entrevista e inquérito por questionário. Assim, após as referências metodológicas,
procuro mostrar como a carreira académica e, de modo especial, o grau de doutoramento
são em Portugal tipicamente “masculinos”. A seguir, com base numa análise sucinta da literatura
existente sobre o progresso das mulheres na academia, mostro quais são os principais eixos
de actuação do género na modelação do tempo em sentido macro estrutural (ao nível da instituição
universidade) e micro estrutural (no que se refere às interacções dos indivíduos na vida
quotidiana). Na parte final do artigo, e de forma muito breve, apresento alguns dados provenientes
do estudo que realizo actualmente sobre usos e representações do tempo dos docentes do
ensino universitário público e que são mais pertinentes no contexto da problemática