research

O desenvolvimento da competência de leitura em manuais escolares de língua portuguesa

Abstract

Dissertação de Mestrado em Educação, área de especialização em Supervisão Pedagógica em Ensino de Português.A Reorganização Curricular iniciada no nosso país conferiu grande importância ao termo “competência”, que, embora não sendo novo na linguagem corrente e em algumas esferas científicas, ganhou notoriedade considerável, no contexto português, a partir de 2001. Assim, a “abordagem do ensino por competências” passou a ser uma realidade consagrada no Currículo Nacional do Ensino Básico. Este documento traça o perfil de competências que o aluno deve desenvolver até ao fim da escolaridade básica obrigatória. No caso da Língua Portuguesa, o Currículo Nacional do Ensino Básico apresenta como “competências nucleares” a compreensão/expressão (do) oral, a leitura, a escita e o conhecimento explícito da língua. Sendo a leitura o objecto privilegiado da disciplina de Língua Portuguesa, importa perceber como, na Escola, se ensina a ler e através de que instrumentos. Neste quadro, os manuais escolares constituem materiais de apoio pedagógico privilegiados, visto que reúnem uma série de características que os tornam objecto central no processo de ensino-aprendizagem. No presente estudo, procura-se compreender até que ponto os manuais escolares de Língua Portuguesa para o 7º ano de escolaridade, surgidos no ano lectivo de 2002/2003, no quadro das competências definidas no Currículo Nacional do Ensino Básico, e seleccionados nas escolas básicas e secundária com 3º ciclo do concelho de Lousada, integram, de facto, os princípios nele consagrados. Para tal, foram analisados dois elementos de estruturação dos manuais escolares: os “Textos de Abertura” e as “Actividades”. Foram também escolhidas as unidades «Texto Narrativo», «Texto Dramático», «Texto Poético» e «Textos Informativos» – relativas aos principais tipos de texto usados na aula de Português – para, com base na organização das actividades propostas sobre os textos, se avaliar a existência ou não de uma “progressão” no desenvolvimento da competência de leitura. Da análise por nós efectuada pode dizer-se, genericamente, que, apesar das mudanças nas políticas educativas e, assim se espera, nas práticas pedagógicas – que, inevitavelmente, introduziram algumas alterações no processo de concepção dos manuais escolares –, o manual de Português continua a não privilegiar práticas de interpretação dos textos conducentes a leituras plurais, capazes de formar sujeitos-leitores que se caracterizem por possuírem competências de leitura que ultrapassam a mera decodificação dos textos e que participem activamente na construção dos sentidos desses mesmos textos.La Réorganisation des Curricula introduite dans notre pays a attribué une grande importance au terme “compétence” qui, n’étant nouveau ni au niveau du langage courant ni dans certaines sphères scientifiques, a acquis une renommée importante, dans le contexte portugais, à partir de 2001. De cette façon, l’“approche de l’enseignement par compétences” est devenue une réalité défendue par le “Currículo Nacional do Ensino Básico”. Ce document définit l’ensemble des compétences que l’élève doit développer jusqu’à la fin de la scolarité obligatoire. En ce qui concerne le Portugais, le “Currículo Nacional do Ensino Básico” établit comme “compétences fondamentales” la compréhension/expression de l’oral, la lecture, l’écriture et la connaissance explicite de la grammaire. Étant donné que la lecture est l’objet privilégié des cours de Portugais, il est intéressant de comprendre comment, à l’École, on enseigne à lire et grâce à quels instruments. Dans ce contexte, les manuels scolaires sont les supports pédagogiques privilégiés, puisqu’ils réunissent une série de caractéristiques qui les rendent fondamentaux au niveau du processus qu’est l’enseignement. Cette étude cherche à comprendre à quel point les manuels scolaires de Portugais de 7e année, apparus en 2002/2003, dans le cadre des compétences établies par le “Currículo Nacional do Ensino Básico”, et qui ont été sélectionnés par les collèges de la municipalité de Lousada, intègrent, véritablement, les principes que celui-ci défend. Pour cela, on a analysé deux éléments qui structurent les manuels scolaires: les “Textes d’Introduction” et les “Activités”. Les unités choisies ont été le «Texte Narratif», le «Texte Dramatique», le «Texte Poétique» et les «Textes Informatifs» – relatifs aux principaux types de textes utilisés dans les cours de Portugais – pour évaluer l’(in)existence d’une “progression” de la compétence de lecture. L’analyse faite nous permet, grosso modo, de dire que, même s’il y a eu des changements au niveau des politiques éducatives et, on l’espère, au niveau des pratiques pédagogiques – qui ont, inévitablement, introduit quelques changements dans les procédés sous-jacents à l’élaboration des manuels scolaires –, le manuel de Portugais ne privilégie pas encore des pratiques d’interprétation de textes qui conduiraient à des lectures diversifiées, capables de construire des individus-lecteurs qui posséderaient des compétences de lecture plus vastes que le simple décodage de textes et qui participeraient activement à la construction des sens de ces textes

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