Afiliação social do estudante cotista da UFRGS : uma análise da permanência a partir das dinâmicas relacionais

Abstract

O presente trabalho teve como objetivo analisar como as relações sociais estabelecidas entre os estudantes cotistas da UFRGS influenciaram seu processo de afiliação ao ensino superior. Segundo Alain Coulon, a afiliação é o método através do qual se adquire um novo status social, nesse caso, o de estudante. Esse processo ocorreria em três tempos: estranhamento, aprendizagem e afiliação. A afiliação também ocorre em duas dimensões: intelectual e institucional. A primeira trata do domínio das habilidades necessária para o fazer acadêmico, a segunda o domínio das regras e normas desse contexto. Entendendo que a afiliação envolve não apenas aspectos intelectuais e institucionais, mas também o social, propomos analisar a afiliação a partir das suas dinâmicas relacionais, o que chamamos aqui afiliação social. Para isso foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas com estudantes ingressantes através das ações afirmativas de diversos cursos, investigando desde sua trajetória escolar até seu ingresso no ensino superior. Os resultados nos indicam que as dinâmicas relacionais envolvidas no processo de afiliação, ou seja, a afiliação em sua dimensão social, deve ser considerado como uma face relevante para o fenômeno da permanência. Durante seu processo de integração ao ambiente acadêmico, os contrastes sociais, econômicos e raciais com os demais membros da universidade, principalmente colegas e professores, orientam a constituição de relações, em alguns casos fazendo se sentir um estranho, um peixe fora d’água. A constituição de relações com professores e com outros estudantes, seja em pequenos grupos (como na sala de aula) ou em coletividades maiores (movimentos de militância política ou a atlética), favorecem o engajamento na vida acadêmica e contribuem para com que o estudante cotistas se veja e seja reconhecido como membro efetivo da comunidade acadêmica.This study aims to analyse how the social relations established between affirmative action university students of Federal University of Rio Grande do Sul had influence in higher education’s process of affiliation. In accords to Alain Coulon, affiliation is the method of acquire a new social status, in this case, the student’s status. This process occur in three moments: strangeness, learning and affiliation. The affiliation also occur in two dimensions: intelectual and institutional. The first deals with the domain of necessary skills to the academics work, the second is about the domain of rules in this context. Understanding that affiliation involves not only intellectual and institutional aspects, but also social aspects, we propose to analyze affiliation from its relational dynamics, what we call social affiliation here. Were made 16 semi-structured interviews with students who ingressed in the university by affirmative action in many courses, investigating since they sccolar path untill the entry into higher education. The results indicate that the social relation dynamics involved in the affiliation processes, that means, the social dimension of affiliation, must be considered a relevant element to the permanence phenomenon. During the process of integration to the academic ambience, the social, economic and racial contrasts with the other university’s members, mainly colegues and professors, guide the constitution of relationships, in some cases making them feel a stranger, an outsider. The relationship building with professors and others students, whether in small groups (such as the classroom) or larger collectives (political militancy or athletic movements), favors engagement in academic life, contributed to the affirmative action students to see and be recognized as effective members of the academic community

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