Tese de doutoramento, Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, 2015Nesta pesquisa procuramos analisar o significado do trabalho e a satisfação com a vida
de indígenas de etnia Macuxi, a partir das variáveis demográficas de gênero, idade e
escolaridade. Foram inquiridos 60 participantes moradores de cinco comunidades
indígenas pertencentes ao Estado de Roraima/BR. Para a avaliação das variáveis foi
utilizada a análise de categorias (Hill et al., 1997) que evidencia domínios sobre o que é
trabalho, o que não é trabalho, sua importância, a influência da cultura e fontes de apoio
ao trabalho, assim como a perda da cultura no trabalho e a falta de apoio ao trabalho.
Foi referida a satisfação com a vida, nos domínios satisfação e insatisfação com a vida,
contribuição do trabalho para a satisfação com a vida, insatisfação com o trabalho e,
planos de vida. Os resultados obtidos revelaram o trabalho como central na vida dos
Macuxi e por onde eles atingem satisfação na vida. As mulheres compreendem o papel
familiar como trabalho, porém são as mais insatisfeitas com a vida ao referirem a
conciliação entre papel familiar e de trabalho. Os homens consideram as atividades
profissionais desenvolvidas no espaço público como de trabalho. Os resultados sugerem
que a escolaridade atenua a dicotomia entre público e privado aos papéis de gênero. As
mulheres e as pessoas de maior idade como as mais satisfeitas em ajudar a família e as
mais atentas às perdas sofridas na cultura. Os homens dão maior importância à vida
comunitária. Os mais idosos veem a importância do trabalho para se ter vida saudável e
na ajuda à comunidade, no entanto são os mais insatisfeitos com a vida, nomeadamente
com a saúde. Já as mulheres e os mais jovens são os mais insatisfeitos com o trabalho