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A morte de D. Beltrão: as origens épicas, Garrett e a tradição brasileira

Abstract

Na Chanson de Roland (c. 1100), canção de gesta sobre a grande derrota da retaguarda do exército de Carlos Magno em Roncesvales, a 15 de Agosto de 778, o imperador faz um grande pranto ao encontrar o corpo do sobrinho, Roldão. A redacção espanhola dessa canção, Roncesvalles (séc. XIII), da qual sobrevive um fragmento de cem versos, adiciona um novo pranto, o do duque Aymon, perante o corpo de Reinaldos, seu filho. Isto corresponde ao romance da Morte de D. Beltrão, onde um pai parte à procura do filho que faltava entre os cavaleiros que o imperador tinha mandado contar,encontrando-o morto. Este romance, raríssimo em Espanha e entre os Sefarditas, continua a ser muito popular em Trás-os-Montes, graças à sua utilização como cantiga da segada. Na primeira versão moderna publicada (1851), Almeida Garrett modifica muito o texto tradicional. O romance português passou ao Brasil, tendo sido recolhido por Celso de Magalhães no Maranhão. Os dois fragmentos que publicou em 1873 são copiados de Garrett, talvez pelo facto de o investigador não ter à mão o seu caderno de recolha, visto que se encontrava em Sergipe. Embora o caderno se tenha perdido, O Famanaz, poema recolhido por Antônio Lopes em 1916, também no Maranhão, comprova que o velho romance se tinha de facto tradicionalizado no Brasil, que é o único país das Américas a conservá-lo, embora com modificações que o actualizam segundo o gosto moderno e o aclimatizam, transformando-o, assim, num poema essencialmente brasileiro

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