research

The wearing and shedding of enchanted shoes

Abstract

O paradoxo inerente ao conceito de “sapato” – uma constrição que permite andar mais e mais depressa – reflecte-se de várias formas nos contos maravilhosos. Enquanto o segundo termo do paradoxo (instrumentos que facilitam o andar) se aplica sobretudo a protagonistas masculinos, o primeiro termo desdobra-se de muitas formas quando o sapato é duma personagem feminina. Partimos de versões portuguesas de O Noivo Animal (AT 425A) e Os Sapatos Estragados (AT 306), para daí considerar a função do sapato feminino, alargando-a a outros contos. Os sapatos femininos serão ícones de um estado de disjunção marital, por sua vez relacionado com um encantamento que só pode ser quebrado quando os sapatos estiverem ou estragados ou na posse do (futuro) marido. Usar os sapatos pode aparecer num registo eufórico ou disfórico; contudo, a imobilidade final da heroína (sem sapato ou sapatos) aparece sempre paradoxalmente relacionada com liberdade ou libertação – na maioria das vezes conducente a um estado de conjunção marital. Um conto literário de Andersen e a sua reformulação no filme Michael Powell e E. Pressburger, Os Sapatos Vermelhos, permitem confirmar e iluminar as conclusões a que a análise nos conduziu

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