'Programa de Pos-graduacao em Ciencias Contabeis da UFRJ'
Abstract
A Bacia de São José de Itaboraí (Bacia de Itaboraí) localiza-se no município de Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro/BR. É caracterizada como um hemi-gráben com, aproximadamente, 1,5 km de comprimento por 0,5 km de largura, orientada na direção NE-SW e inserida no contexto do Rift Continental do Sudeste do Brasil. Essa feição formou-se durante a quebra do super continente Gondwana, datado do Jurássico Superior, que culminou na formação dos continentes África e América do Sul em suas formas atuais; e também pela geração do oceano Atlântico. A bacia é limitada na borda Sul por uma falha normal principal direção ENE-WNW.
Esta é responsável pela dinâmica estrutural e deposicional da bacia. A bacia destaca-se na comunidade científica por conter um riquíssimo acervo fossilífero, sendo o principal registro da fauna de mamíferos primitivos brasileira no Paleoceno. A estratigrafia é caracterizada por litofácies siliciclásticas e calcárias, dispostas em três intervalos principais que compõe a Formação Itaboraí e representam o ciclo de tectônica ativa e quiescência tectônica. O presente trabalho tem por finalidade caracterizar os depósitos sedimentares presentes nos principais afloramentos da bacia e interpretá-los de acordo com o significado tectônico e deposicional. Os calcários observados em campo são compostos basicamente por travertinos, podendo ocorrer em espessuras variadas, indicando uma ritmicidade de escoamento de águas ricas em CaCO 3 .
Essas litofácies calcárias indicam uma atividade tectônica de energia moderada, mas suficiente para manter fraturas abertas, que permitem a percolação de fluidos enriquecidos em CaCO 3 pela presença de mármores Pré-cambrianos no embasamento adjacente. Já os sedimentos siliciclásticos são compostos por arenitos e conglomerados imaturos com feições diagnósticas de fluxos gravitacionais de detritos e, escassamente, de fluxos hidrodinâmicos. Essas feições são indicativas de tectonismo ativo na bacia. Em sua maioria, esses depósitos siliciclásticos passaram por processos de intensa calcretização, relacionados à momentos de estabilidade tectônica. Relacionado à essa fase da história da bacia, é possível observar feições que indicam carstificação do relevo e exposição subaérea do substrato. Foram observados sete afloramentos,
no total, e realizadas análises litofaciológicas junto à elaboração de perfis longitudinais. A partir desse estudo, pode-se ter uma melhor compreensão da história da bacia, visto que os processos de calcretização e carstificação muitas vezes mascaram o passado tectônico e deposicional das litologias