A pinta preta é uma das principais doenças da batateira e do tomateiro. No Brasil, a doença foi reportada ser causada por Alternaria solani, no entanto, recentemente, constataram-se as espécies A. grandis e A. tomatophila associadas à pinta preta em batateira e em tomateiro, respectivamente. Por se tratarem de espécies recentemente relatadas no Brasil, estudos relativos à especificidade por hospedeiro e requerimentos ecológicos ainda não foram realizados. Em outros países, há evidência de especificidade em populações de Alternaria spp., principalmente de A. solani, possivelmente em decorrência de diferenças de agressividade de indivíduos. No presente estudo quantificaram-se os efeitos de variáveis climáticas nos componentes epidemiológicos: área da lesão (AL), área abaixo da curva de crescimento micelial (AACCM), frequência de infecção (FI) e período de incubação (PI) associadas aos isolados de Alternaria spp. Estudaram-se 11 isolados de Alternaria spp.: 6 isolados de A. grandis, 4 de A tomatophila e 1 de A. solani, inoculados em batateira e tomateiro. Quantificaram-se os efeitos da temperatura sobre o crescimento micelial (15, 22, 25, 30 e 35 oC) e AL (18, 22, 25 e 30 oC) e os efeitos da duração do período de molhamento foliar (PMF) (2, 4, 8, 12, 24 h) sobre a FI e PI causados por Alternaria spp. Maiores valores de AL, FI e menores valores de PI foram observados em batateira, independentemente dos isolados inoculados. A alta suscetibilidade da cultivar de batata Opaline e o estádio fenológico o qual as plantas foram inoculadas, interferiram no resultado. A temperatura influenciou a AL de forma diferenciada conforme a combinação espécie - hospedeiro. Os isolados de A. grandis, A. solani e A. tomatophila,
causaram maior AL em seus hospedeiros de origem; A. grandis foi mais agressivo que A. solani em batateira. Em batateira, maior AL associada a A. grandis e A. solani ocorreu tanto em temperaturas baixas como a 30 °C, mas 25 °C foi a temperatura ótima para AL associada a todas as espécies. A temperatura afetou o crescimento micelial de Alternaria spp. Maior crescimento foi constatado para isolados de A. grandis. A temperatura ótima para crescimento micelial de A. grandis, A. solani e A. tomatophila foi 24, 24 e 26 oC, respectivamente. A FI foi afetada pelo PMF, porém o efeito variou conforme a combinação espécie - hospedeiro. Os valores de FI foram semelhantes para todas as espécies, porém sob condições limitantes de 2 h de PMF, maiores valores de FI foram verificados para A. grandis em batateira. Em tomateiro, os valores de FI foram semelhantes para todos os isolados de Alternaria spp. No experimento realizado durante
o inverno, não foram observados sintomas da doença em tomateiros inoculados com A. solani e houve desenvolvimento mais lento da pinta preta. Poucas diferenças foram verificadas em relação ao PI dos isolados de Alternaria spp., em ambos os hospedeiros, sob diferentes PMF. Há evidências de preferência ao hospedeiro em populações brasileiras de Alternaria spp. associadas à pinta preta em batateira e tomateiro apesar de A. grandis e A. tomatophila poderem causar doença em ambos hospedeiros.Early Blight is an important disease of potato and tomato crops worldwide. In Brazil, Alternaria solani was considered the only causal agent of early blight. Recently, A. grandis and A. tomatophila were found to be the main species associated with early blight in potato and tomato, respectively. Due to the novelty of these findings no studies about host specificity and ecological requirements were conducted yet. In other countries, there is evidence of host specificity in populations of Alternaria spp., including of A. solani, caused or largely influenced by differences in aggressiveness. In the current study, we quantified the effects of the main climatic variables on the following epidemiological variables: lesion area (LA), area under the curve of mycelial growth (AUCMG), infection frequency (IF), and incubation period (IP). Eleven isolates of Alternaria spp were studied: 6 isolates of A. grandis, 4 of A tomatophila and 1 of A. solani were inoculated in potato and tomato plants. The effects of temperature on mycelial growth (15, 22, 25 30, and 35 oC) and LA (18, 22, 25, and 30 oC) and the effects of duration of leaf wetness period (DLW) (2, 4, 8, 12, and 24 h) on IF and IP of Alternaria spp were assessed. Higher values of LA, IF and lower values of IP were observed in potato, regardless of the isolates. The higher susceptibility of potato 'Opaline' and the phenological stage at which the plants were inoculated influenced this result. Temperature differentially affected LA depending on the species x host combination. A. grandis, A. solani and A. tomatophila, caused higher LA in the original hosts. A. grandis was more aggressive than A. solani in potato and caused higher LA at low temperature and at 30ºC, but the optimum temperature for LA for all species was 25ºC. Mycelial growth of Alternaria spp. was affected by temperature. The highest growth was found for A. grandis. The optimum temperature for A. grandis, A. solani, and A. tomatophila was 24, 24, and 26 oC, respectively. The FI was affected by the DLW, but the effect varied according to the species x host combination. The values of IF were similar for all species in most DLW. However, under limiting conditions of 2 h of DLW in potato, A. grandis had higher IF values than A. solani and A. tomatophila. In tomato, similar IF values were recorded for all isolate of Alternaria spp. In the fall experiment no symptoms were observed in tomato plants inoculated with A. solani and the development of early blight was slower than in the summer experiment. There is evidence of host preference in the Brazilian populations of Alternaria spp. associated with early blight in potato and tomato, even though A. grandis and A. tomatophila can cause disease in both hosts.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio