Os efeitos maléficos da polifarmácia em idosos

Abstract

Introdução: O envelhecimento, frequentemente, está associado ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as quais aumentam notavelmente a necessidade do uso de medicamentos. A polifarmácia é uma conduta terapêutica muito comum em idosos, a qual baseia-se na utilização concomitante de vários medicamentos. Essa associação, pode, em alguns casos, ser benéfica, no entanto, efeitos maléficos podem ser expressivos. Objetivo: Abordar os efeitos maléficos da polifarmácia em idosos. Material e método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura para a seleção de um total de vinte e dois artigos acerca do tema. Foram utilizados os descritores de Ciência de Saúde (DeCs) “tratamento farmacológico”, “idosos” e “fenômenos farmacológicos e toxicológicos” e seus correspondentes em inglês nas plataformas The Scientific Electronic Library Online (Scielo), Us National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed) e Periódicos Capes. Utilizou-se a data de publicação entre 2017 e 2019 como critério de exclusão, resultando em uma pré-seleção de quarenta e quatro artigos. Eliminou-se vinte e dois artigos por não tratarem das repercussões em idosos ou por abordarem, preferencialmente, efeitos condicentes com DCNT, resultando em vinte e dois artigos. Resultados: Os idosos são mais vulneráveis a consequências indesejáveis da polifarmácia, devido às alterações fisiológicas da senescência, bem como, as potenciais interações medicamentosas (IM), fatores que aumentam a morbimortalidade do paciente. Muitas das IM podem resultar em morte, hospitalização, sequelas permanentes do paciente ou insucesso terapêutico. Há também, as IM que não causam dano aparente no idoso, porém o impacto é silencioso, tardio e, às vezes, irreversível. Alguns medicamentos comumente usados por idosos como, anti-inflamatórios, digoxina, antilipidêmicos, depressores do sistema nervoso central são potencialmente interativos e encontram-se envolvidos nas IM, que ameaçam a saúde do idoso. Além do mais, o uso concomitante de vários medicamentos pelos idosos contribui significativamente para o surgimento de reações adversas. Estima-se que o risco de reações adversas aumente exponencialmente, em torno de 50%, quando se faz uso de 5 medicamentos e ultrapasse 95% quando se utiliza 8 ou mais. Em alguns casos, tais reações adversas apresentam graves consequências, que poderiam ser minimizadas pelo monitoramento adequado quanto à adesão, prescrição, dose e período de tratamento corretos. As quedas por alterações de equilíbrio, também, constituem importantes consequências do uso inadequado de medicamentos ou de interações entre eles. Suas implicações variam desde escoriações leves até o óbito. Essa realidade, portanto, expõe que a associação inadequada de medicamentos é um grave problema para os sistemas de saúde, que além dos prejuízos já citados, mostra-se uma prática onerosa. Conclusão: Percebe-se a existência de um “círculo vicioso” que envolve a polifarmácia com o idoso, já que o envelhecimento traz consigo um maior número de doenças, risco aumentado de internação hospitalar, excesso de medicamentos prescritos e potenciais IM que estão fortemente associados à ocorrência de eventos adversos. Esse contexto é semelhante ao causado pela polifarmácia, que além disto, aumenta a perda de funcionalidade, a não aderência ao tratamento e a incidência de quedas

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