Parto Pré-termo: Experiência do Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E.

Abstract

Introdução: o parto pré-termo continua a ser um problema sério em Portugal. Vários mecanismos têm sido apontados para a ocorrência do parto antes de estarem completas as 37 semanas de gestação, no entanto não se têm desenvolvido medidas eficazes para reduzir o número de partos pré-termo. Valorizar as condições de risco continua a ser a melhor atitude face a este problema. Objetivos: com este estudo pretendemos identificar os fatores, de risco acrescido para o parto pré-termo, nas mulheres da Cova da Beira. Assim, a finalidade desta investigação assenta na fundamentação de intervenções clínicas preventivas. Metodologia: procedemos a uma investigação observacional retrospetiva através da consulta de processos clínicos de utentes do Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E. Foram incluídas todas a mulheres com parto pré-termo ocorrido entre 1 de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2015, excluindo-se aquelas com gravidez múltipla. Para estudo comparativo, obteve-se um grupo controlo de mulheres com parto de termo no mesmo período e instituição. Consultando os registos clínicos, identificaram-se várias características (variáveis) maternas e gestacionais com potencial risco para parto pré-termo. Usando o SPSS Statistics versão 23.0, para cada variável fizemos análises comparativas entre os grupos, avaliando possíveis associações. Posteriormente, realizou-se um modelo de regressão logística para perceber quais os fatores de risco maternos que melhor explicam a ocorrência de parto pré-termo espontâneo. Resultados: no período considerado a percentagem de partos pré-termo foi aproximadamente 6,6%. As grávidas com parto pré-termo apresentaram associação estatística com: baixa escolaridade (p<0,001), ausência de trabalho assalariado (p<0,001), estado civil solteira (p=0,028); hábitos tabágicos (p=0,027); seguimento em consulta de psiquiatria (p=0,001); antecedente de parto pré-termo (p<0,001); antecedente de aborto (p=0,044); vigilância inadequada da gravidez (p<0,001); anemia na gravidez (p=0,001); infeção do trato urinário (p<0,001) ou infeção vaginal (p=0,048) durante a gravidez; doença hipertensiva na gravidez (p<0,001); pré-eclâmpsia (p=0,002) e ameaça de parto pré-termo (p=0,002). Considerando apenas os partos pré-termo espontâneos, o modelo de regressão logística, destaca a doença hipertensiva na gravidez e a baixa escolaridade como fatores de risco dominantes. Conclusões: no sentido de prevenir o parto pré-termo, na região da Cova da Beira, o diagnóstico precoce e controlo da doença hipertensiva na gravidez afiguram-se de grande importância, tal como a promoção de igualdade de acesso ao ensino. No entanto, na prática clínica, há que considerar que o parto pré-termo é um processo multifatorial, pelo que o médico deve estar atento e valorizar os múltiplos fatores de riscos.Introduction: preterm birth remains a serious problem in Portugal. Several mechanisms have been suggested for the occurrence of childbirth before the 37 weeks of gestation, however, there are no effective measures to prevent preterm birth. Identifying the risk conditions and acting upon them is still the best attitude towards this problem. Objectives: the intention of this study is to identify the increased risk factors for preterm birth in woman located in Cova da Beira. Thus, the purpose of this investigation is to find the basis of preventive clinical interventions. Methods: we performed a retrospective observational research through the consultation of clinical records of patients of the Cova da Beira Hospital Center. All women with preterm birth between January 1st 2013 and December 31th 2015 were included, except the ones with multiple pregnancies. To perform a comparative study, we obtained a control group of women with term birth in the same period and institution. Several maternal and gestational characteristics (variables) with potential risk for preterm birth were identified by consulting the clinical records. Using SPSS Statistics version 23.0, for each variable a comparative analysis between groups was done, evaluating possible associations. Subsequently, a logistic regression model was developed to understand which maternal risk factors better explain the occurrence of spontaneous preterm birth. Results: in the considered period, the percentage of preterm childbirth was approximately 6.6%. Pregnant women with preterm birth presented a statistical association with: low education (p<0,001); absence of wage labor (p<0,001); single marital status (p=0,028); smoking habits (p=0,027); psychiatry follow-up (p=0,001); history of preterm birth (p<0,001); history of abortion (p=0,044); inadequate prenatal care (p<0.001); anemia during pregnancy (p=0,001); urinary tract infection (p<0,001) or vaginal infection (p=0,048) during pregnancy; hypertensive disorder of pregnancy (p<0,001); pre-eclampsia (p=0,002) and threat of preterm birth (p=0,002). Considering only the spontaneous preterm births, the logistic regression model emphasizes hypertensive disorder of pregnancy and low education as the most dominant risk factors. Conclusions: to prevent preterm birth in the Cova da Beira region, early diagnosis and control of hypertensive disorder of pregnancy seem to be of great importance as well as the promotion of equal access to education. However, in clinical practice it must be considered that preterm birth is a multifactorial process thus the physician must be aware of the multiple risk factors

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