Introdução: A Epilepsia é uma patologia neurológica crónica com grandes repercussões em termos de qualidade de vida para o doente. A sua prevalência e perfil epidemiológico variam bastante entre as várias regiões do mundo, não apenas devido às diversas etiologias, mas também devido aos diferentes métodos de investigação. Este estudo tem por objetivo determinar a Prevalência e Perfil Epidemiológico de Epilepsia na população da Cova da Beira a 31 de dezembro de 2012 e, posteriormente, comparar os resultados com os disponíveis na literatura, não existindo nenhum estudo realizado em Portugal neste âmbito.
Materiais e Métodos: A identificação dos pacientes foi feita através da revisão dos doentes referenciados para realização de Eletroencefalograma no Laboratório de Eletrofisiologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira complementada pela listagem de pacientes fornecido pelo Gabinete de Informação desse mesmo hospital com diagnóstico de Epilepsia pelo ICD-9, ambos no período compreendido entre 1 de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2012. Posteriormente foram revistos todos os processos eletrónicos dos doentes.
Resultados: A prevalência de Epilepsia na população da Cova da Beira foi de 3,38 casos/ 1000 habitantes. A prevalência foi ligeiramente superior em indivíduos do sexo masculino. A faixa etária com prevalência superior foi a dos 0 aos 20 anos de idade, de 4,45 casos/ 1000 habitantes. O grupo populacional com prevalência específica para idade mais elevada foi no sexo masculino dos 0 aos 20 anos, de 5,01 casos/ 1000 habitantes. Crises parciais foram encontradas numa percentagem superior de pacientes (48,6%) relativamente a outros tipos de crises, sendo o tipo mais frequente as crises parciais secundariamente generalizadas. A etiologia mais frequente foi a Sintomática, em 51% dos pacientes, estando os Distúrbios Cerebrovasculares e Traumatismos Crâneo-Encefálicos na base da maioria dos casos. Foi possível identificar diagnósticos sindrómicos em 17,9% dos pacientes, sendo que as síndromes mais frequentes foram a Epilepsia Rolândica Benigna e a Epilepsia Mioclónica Juvenil. De toda a população epilética, 14,1% não fazia medicação, e 26,2% da população fazia mais do que um fármaco antiepilético. Dos pacientes que faziam monoterapia, o Ácido Valpróico era o medicamento mais prescrito.
Conclusão: Todos os achados são consistentes com os relatados noutros estudos, à exceção da baixa prevalência detetada em indivíduos com idade superior a 60 anos, de 2,53 casos/ 1000 habitantes. A Prevalência é similar à encontrada em estudos mais recentes realizados na Europa, mas inferior a países Asiáticos e Africanos.Introduction: Epilepsy is a chronic neurological disease which has vast repercussions on the patient’s quality of life. Its prevalence and epidemiological profile varies greatly amongst the various regions of the world, not only because of the diverse etiologies it might have, but also due to the different methodologies used in the investigation. This study aims to determine the Prevalence and Epidemiological Profile of Epilepsy in the population of Cova da Beira on 31st of December 2012 and, thereafter, compare it with some international studies. There is no Portuguese study available on the subject so far.
Material and Methods: The identification of the patients was made by review of referrals to the electroencephalographic facilities in Centro Hospitalar da Cova da Beira, and supplemented by the list of patients with the diagnose of Epilepsy through codification by ICD-9 provided by the Information Office, both between 1st of January 2008 and 31st of December 2012. Afterwards, all the electronic patient records were revised.
Results: Prevalence of Epilepsy was 3,38 cases/ 1000. Prevalence was slightly higher in male subjects. The highest age-specific prevalence was found in patients aged 0 to 20 years old, 4,45 cases/ 1000. The group with the higher age-adjusted prevalence was male subjects aged 0 to 20 years (5,01 cases/1000). Partial seizures were found in a superior percentage of patients (48,6%) when compared with other types of seizures, being partial seizures with secondary generalization the most common. The most frequent etiology was the Symptomatic, in 51% of the patients, being cerebrovascular diseases and head trauma the causes of most of them. Syndromic diagnosis was possible in 17,9% of the patients – the most common was Benign Rolandic Epilepsy and Juvenile Myoclonic Epilepsy. Amongst all the epileptics, 14,1% did not do any drug, and 26,2% of the population did polytherapy. Among the patients who did monotherapy, Valproic Acid was the most prescript drug.
Conclusion: All the findings are consistent with the reported in other studies, except the low prevalence found in patients aged 60 or over, of 2,53 cases/ 1000. The prevalence is similar to European studies, but lower than that reported in Asia and Africa