Empresas de inserção como instrumento de empreendedorismo social em Portugal: estudo exploratório com base na percepção dos principais implicados

Abstract

Este trabalho incide sobre Empresas de Inserção (EI), abordadas como uma forma específica de empreendedorismo social. O principal objectivo do estudo empírico é obter alguns elementos que permitam uma primeira avaliação deste programa em Portugal, 10 anos após a sua criação, na perspectiva dos principais implicados – entidades promotoras e trabalhadores. Tal avaliação, que passa pela identificação das principais dificuldades e benefícios sentidos pelos intervenientes, poderá contribuir para identificar as potencialidades e fragilidades da medida EI do Mercado Social de Emprego (MSE) e repensar o seu desenho no sentido de aumentar a sua eficácia. Trata-se, pois de um estudo de natureza exploratória para o qual foi utilizada a estratégia de estudos de caso múltiplos de natureza qualitativa. Para a recolha de dados utilizaram-se várias técnicas mas as mais importantes foram as entrevistas, aplicadas às entidades cujos entrevistados foram os técnicos responsáveis das respectivas EI e os questionários, aplicados aos beneficiários/trabalhadores dessas mesmas EI. Os resultados do estudo indicam que as principais motivações pelos quais as Entidades em estudo se candidataram à medida EI relaciona-se com o dar resposta a novas necessidades das famílias e populações locais e ao combate à exclusão social através da oportunidade que é dada, a trabalhadores desfavorecidos face ao mercado de trabalho, de adquirirem competências profissionais e pessoais que lhes serão úteis no futuro. As dificuldades sentidas pelas Entidades foram sobretudo ao nível do recrutamento e selecção dos trabalhadores, à rotatividade dos postos de trabalho e ao equilíbrio financeiro difícil de alcançar. Todavia, em termos gerais, a avaliação que os vários intervenientes - entidades e trabalhadores - fazem da experiência é positiva. Estes resultados não explicam, pois, quais as razões subjacentes ao decréscimo do número de EI criadas nos últimos anos, conforme dados estatísticos apresentados no trabalho. Tal situação pode estar ligada à actual conjuntura de recessão económica, não só a nível nacional mas também internacional

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