Reafirmação da esperança, da vontade em Le volontaire et l'involontaire de Paul Ricoeur

Abstract

Misteriosa, controversa, fascinante, autónoma ou condicionada, atenta aos valores ou indiferente, a vontade tem merecido desde sempre a atenção da filosofia, mas também a sua desconfiança. A vontade tem a particularidade de se dar como constitutiva da estrutura da subjectividade, ao mesmo tempo que possui o poder extraordinário de se elevar acima dessa mesma subjectividade que a contém e que é a sua condição de possibilidade. Ela afirma-se livremente na aceitação ou rejeição das suas próprias inclinações. Mas vai mais longe ainda, pelo poder de decisão que lhe é próprio e que lhe permite antecipar o futuro. Neste sentido, podemos dizer que a vontade é o órgão para o futuro tal como a memória é o órgão do passado. A reflexão que exerço sobre mim mesma revela me como possuindo esse estranho poder que me permite projectar um futuro mesmo fora de qualquer previsão. O grande problema que enfrenta qualquer análise da vontade resulta do facto de ela não pode ser apreendida em si mesma, mas sim apenas através dos efeitos visíveis que constituem os seus actos. Isto coloca a questão de saber até que ponto a observação do acto nos autoriza a concluir pela existência de uma faculdade específica independente dos outros poderes do espírito. Haverá alguma coisa a que possamos com propriedade chamar a essência da vontade? E será a vontade verdadeiramente livre ou estará totalmente limitada pela necessidade natural? [...

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