A Epilepsia Benigna da Infância com Pontas Centrotemporais é a síndrome epiléptica mais frequente na infância. A International League Against Epilepsy qualifica esta doença como uma Epilepsia Benigna Focal Idiopática, relacionada com a idade.
É uma síndrome caracterizada por crises parciais simples, breves e com manifestações motoras e somatossensoriais, que ocorrem frequentemente associadas ao sono. Surge tipicamente entre os 3 e os 13 anos e a sua remissão ocorre habitualmente antes dos 16 anos, pelo que é considerada uma epilepsia benigna. Após a realização de diversos estudos sobre a influência da predisposição genética nesta doença, actualmente aceita-se que segue um modo de herança autossómica dominante com penetrância incompleta. O electroencefalograma inter-crítico é típico, mostrando pontas centrotemporais de alta voltagem, seguidas por ondas lentas. O tratamento nem sempre é necessário, dada a benignidade da doença e, quando utilizado, o controlo das crises é fácil apenas com um fármaco.
O diagnóstico precoce e correcto é importante, pois permite que o médico ofereça à criança e aos seus pais um plano adequado e uma explicação cuidada, que poderão evitar os sentimentos de apreensão e angústia normalmente associados a um diagnóstico de epilepsia.
O termo “benigno” aplica-se bem a esta síndrome, uma vez que a regra é a remissão das crises durante a adolescência. Há, contudo, uma pequena percentagem de casos em que a evolução é atípica e “não tão benigna”. Estudos recentes têm sugerido a possibilidade de haver prejuízo do perfil psicológico, psiquiátrico e das capacidades cognitivas em crianças com esta síndrome. É um tema bastante controverso, que necessita de mais estudos de investigação. Assim, tendo em conta os resultados de estudos recentes sobre esta temática, são aqui expostas as opiniões de diversos autores