A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Santa Cruz, implantou, em 2005, um programa de busca ativa pós-alta de infecções em cesáreas, a partir do 30º dia pós-operatório

Carneiro, Marcelo

Iochims, Luciane Rosa

Krummenauer, Eliane Carlosso

Lazaroto, Dóris Medianeira

Machado, Janete Aparecida

Moura, Fabiane

Rauber, Janine

Clinical & Biomedical Research

Portuguese

Marcelo Carneiro

Eliane Carlosso Krummenauer

Janete Aparecida Machado

Dóris Medianeira Lazaroto

Luciane Rosa Iochims

Fabiane Moura

Janine Rauber

Directory of Open Access Journals

Vigilância de Infecção em Cesareas

Em Questao

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

CARTA AO EDITOR     1. Universidade de Santa Cruz do Sul 2. Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, Hospital Santa Cruz. Contato: Marcelo Carneiro. E-mail: carneiromarcelo@yahoo.com.br (Santa Cruz do Sul, RS, Brasil). VIGILÂNCIA DE INFECÇÃO EM CESAREAS  Marcelo Carneiro1,2, Eliane Carlosso Krummenauer1,2, Janete Aparecida Machado2,  Dóris Medianeira Lazaroto1,2, Luciane Rosa Iochims1,2, Fabiane Moura1,2, Janine Rauber2   Rev HCPA 2010;30(2):194-195  A gestação está envolvida em desejos e fantasias positivas, que torna esta fase única na vida das mulheres. Em um contexto de humani-zação (1) do trabalho de parto, encontra-se uma freqüência alta de partos cesáreos (2), além dos 15,0% preconizados pela Organização Mundial de Saúde (3), sendo que, na América Latina, chegam a 40,0% (4). A escolha da via de parto é influenciada por fatores psicossociais (5,6), além das questões médicas (7-9), bem como experi-ências obstétricas prévias da gestante. (10). Hopkins (2000) relata que o obstetra possui a capacidade de influenciar a escolha para o parto cesáreo e de superestimar a segurança do pro-cedimento, em função dos seus interesses, o que é corroborado por outros estudos (5,9). A morbidade das complicações maternas, relacio-nadas à cesárea, ocasiona sofrimento e custos devido ao maior tempo de internação e ao uso de antimicrobianos (11,12). A infecção profunda relacionada (endometrite) está descrita em fre-qüências de até 5% (13). Ramos et al., (2003) verificaram que 50% dos casos de mortalidade estavam relacionados ao procedimento cirúrgico e associados à infecção cirúrgica em 16%, se-gunda causa obstétrica direta ao óbito (14). A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Santa Cruz, implantou, em 2005, um programa de busca ativa pós-alta de infecções em cesáreas, a partir do 30º dia pós-operatório, por via telefônica. No ano de 2006, foram realizadas 700 (46,3%) cesareanas, mas somente 340 (48,6%) foram analisadas, pois atenderam o telefonema do serviço. O número de cesáreas por convênio foi de 237 (33,9%) e sem convênio foi de 463 (66,1%) diferente de outros estudos (15,16). Um pós-operatório sem intercorrências infecciosas ocorreu em 308 (90,6%) pacientes entrevistadas após a alta, semelhante ao estudo de Tran (2000) (17). Das 32 (100%) cesareanas analisadas as infecções foram superficiais. Este método foi capaz de aumentar em 70,0% as notificações. A taxa de letalidade associada à infecção, neste período, foi de 0%. O sinal febre foi encontrado em 2 (4,7%) pacientes contactadas, semelhante ao estudo de Loverro et al. (2001), corroborando para a baixa sensibilidade da febre como sinal de infecção do sítio cirúrgico superficial (18,19). Em 3,5% dos casos complicados foi necessária reinternação hospitalar e uso de antimicrobianos endovenosos. O tempo médio de hospitalização para os casos de infecção foi de 5 dias (3-7   dias) e o custo médio de R$ 500,00/puérpera. A infecção após parto cesáreo é uma complicação inerente ao ato cirúrgico e mantê-la sob vigilân-cia serve como um indicador de qualidade do serviço. Uma CCIH atuante e com liberdade de atuar, é fundamental na estrutura de uma institu-ição hospitalar que prioriza um atendimento dife-renciado. Os argumentos justificam a atenção nestes procedimentos, a fim de aumentar a cap-tação de indicadores epidemiológicos, obtendo freqüências mais fidedignas e estratégias pre-ventivas direcionadas para a maternidade.  REFERÊNCIAS  1. Lobel M, DeLuca RS. Psychosocial sequelae of cesarean delivery: review and analysis of their causes and implications. Soc Sci & Med. 2007;64:2272-84. 2. Martins-Costa S, Ramos JGL. A questão das Ce-sarianas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27:571-4.  3. WHO. Apropriate techonology for birth. Lancet. 1985;185;2:436-7. 4. Potter JE, Berquó E, Perpétuo IHO, Leal OF, Hop-kins K, et al. Unwanted cesarean sections among public and private patients in Brazil: prospective study. Brit Med J, 2001;323:1155-8. 5. Slowalter E, Griffin A. All women should have a choice. Brit Med J. 1999;319:1401. 6. Cury AF, Tedesco JJA. Aspectos polêmicos na indicação da cesareana. Femina. 2003;31:809-12. 7. Hopkins K. Are brazilian women really choosing to delivery by cesarean? Soc Sci Med. 2000;51:725-40 8. Paterson-Brown S. Should doctors perform an elective caesarean section on request? Yes, as long as the women is fully informed. Brit Med J. 1998;317:462-3. 9. Castro A. Increase in caesarean sections may reflect medical control not women’s choice. Brit Med J. 1999;319:1401. (commentary) 10. Faisal-Cury A, Menezes PR. Fatores associados à preferência por cesareana. Rev Saúde Pública. 2006;40:226-32. 11. Allen VM, O’Connel CM, Farrel AS, Baskett TF. Economic implications of method of delivery. Am J Obstet Gynecol 2005;193:192-7. 12. Goldenberg RL, Hauth JC, Andrews WW. Intrau-terine infection and preterm delivery. N Engl J Med. 2000;342:1500-7. Carneiro M et al   Rev HCPA 2010;30(2) 195 13. Yokoe DS, Christiansen CL, Johnson R, Sands KE, Livingston J, Shtatland ES et al. Epidemiology of and surveillance for postpartum infections.       Emerg Infect Dis. 2001;7:837-41. 14. Ramos JGL, Martins-Costa S, Vettorazzi-Stuczynski, J, Brietzke E. Morte materna em hos-pital terciário do Rio Grande do Sul - Brasil: um estudo de 20 anos. Rev Bras Ginecol Obstet. 2003;25:431-6. 15. Silveira DS, Santos IS. Fatores associados à ce-sariana entre mulheres de baixa renda em Pelo-tas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Públi-ca. 2004;20:231-41. 16. Freitas PF, Dracler ML, Leite JCC, Grassi PR. Desigualdade social nas taxas de cesariana em primiparas no Rio Grande do Sul. Rev Saúde Pú-blica. 2005;39:761-7. 17. Tran TS. Risk for postcesarean surgical site infec-tion. Obstet Gynecol 2000;95:367-71. 18. Loverro G, Greco P, Vimercati A, Nicolardi V, Var-caccio-Garofalo G, Salvaggi L. Maternal complica-tions associated with cesarean section. J Perinat Med. 2001;29:322-6. 19. Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Javes WR, Emori TG. CDC Definitions of nosocomial surgical site infection, 1992: a modification of CDC defini-tions of surgical wound infections. Infect Control Hosp Epidemiol. 1992;13:606-8.   Recebido: 27/04/2010   

LAReferencia - Red Federada de Repositorios Institucionales de Publicaciones Científicas Latinoamericanas

https://seer.ufrgs.br/hcpa/article/download/13011/8909

Vigilância de Infecção em Cesareas

Abstract

Similar works

Full text

Available Versions

Directory of Open Access Journals

Em Questao

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

LAReferencia - Red Federada de Repositorios Institucionales de Publicaciones Científicas Latinoamericanas