Nos últimos anos, o uso de tomografia computadorizada (TC) em fibrose cística têm aumentado e vários estudos têm relatado a superioridade diagnóstica da TC sobre a radiografia de tórax na avaliação das diferentes doenças pulmonares. Algumas manifestações tomográficas dessa entidade diagnóstica são discutidas

Neves, Kelly Ribeiro

Schuh, Sandra Jungblut

Clinical & Biomedical Research

Portuguese

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

IMAGEM DIAGNÓSTICA     1. Residência Médica, Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. 2. Serviço de Radiologia, Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Contato: Kelly Ribeiro Neves. E-mail: kellyrneves@gmail.com (Porto Alegre, RS, Brasil). ACHADOS TOMOGRÁFICOS PULMONARES EM FIBROSE CÍSTICA  Kelly Ribeiro Neves1, Sandra Jungblut Schuh2  A tomografia computadorizada possui boa sensiblidade na detecção de alterações decorrentes de fibrose cística, sendo o método de escolha para o diagnóstico de bronquiectasias. Estas são as manifestações mais características, geralmente bilaterais, simétricas e mais severas na metade superior do tórax (1-3). As alterações das vias aéreas periféricas são identificadas como opacidades centrolobulares, ramificadas e com aspecto de árvore em brotamento. A impactação brônquica é reconhecida como imagem tubular, com atenuação de partes moles, que cursa junto a um ramo arterial pulmonar. Não devemos confundir impactação com estrutura vascular nos exames obtidos com cortes finos e espaçados. Ocorrem também com frequência as atelectasias e consolidações. As lesões císticas e bolhosas podem ser visibilizadas especialmente na região subpleural dos lobos superiores. As áreas com redução da atenuação do parênquima correspondem a manifestações de redução da ventilação/perfusão e alçaponamento aéreo. Em um estudo realizado por Helbich et al, foram realizados exames tomográficos em 117 pacientes com fibrose cística, dos quais 80% apresentaram bronquiectasias, 76% espessamento de paredes brônquicas, 64% padrão de perfusão em mosaico e 51% impactação brônquica. Foi documentada também a progressão da doença com o aumento do período etário dos pacientes (3,4). Podemos também encontrar linfonodos mediastinais aumentados, decorrentes da resposta inflamatória às infecções (2-5). Os casos avançados apresentam sinais de hipertensão pulmonar (2-5). A desvantagem da utilização da tomografia é a maior exposição à radiação. O benefício do exame deve justificar os possíveis riscos a essa exposição e o mesmo deve utilizar a menor dose de radiação possível. Este risco é potencialmente maior nas crianças, tendo em vista o seguimento relativamente maior. As alternativas são a utilização de protocolos de baixa dose de radiação e redução do número de imagens por exame, priorizando o uso da técnica de alta resolução (6).  Rev HCPA 2011;31(2):266-267            Figura 1 – Nas imagens são identificados brônquios dilatados, com secreções impactadas na língula (seta sólida); brônquios com paredes espessadas (seta aberta) e alçaponamento aéreo em corte tomográfico obtido em expiração forçada (cabeça de seta). Neves KR, Schuh SJ   Rev HCPA 2011;31(2) 267     Figura 2 - Na imagem da direita, observa-se extensa impactação brônquica de secreções. À esquerda, no controle após o início da terapêutica, demonstrou-se a redução das impactações, destacando-se as bronquiectasias e o espessamento de paredes brônquicas. No segmento anterior do lobo superior direito, identificam-se bronquiolectasias e algumas opacidades centrolobulares com aspecto de árvore em brotamento.   REFERÊNCIAS  1. Kuhn JP, Slovis T L, Haller JO. Caffey’s Pediatric Diagnostic Imaging. Mosby. 2004;1:961-70. 2. Hansell DM, Armstrong P, Lynch DA, McAdams HP. Imaging of The Diseases of the Chest, Elsevier Mosby. 2005; 729-34. 3. Helbich TH, Heinz Peer G, Eichler I, Wunderbaldinger P, Götz M, Wojnarowski C et al. Cistyc fibrosis: CT assessment of lung involvement in children and adults. Radiology. 1999;213:537-44. 4. Helbich TH, Heinz Peer G, Fleischmann D, Wojnarowski C , Wunderbaldinger P, Huber S et al. Evolution of CT Findings in Patients with Cystic Fibrosis. AJR. 1999;173:81-8. 5. Müller NL, Silva CIS. Specific Causes of Bronchiectasis. In: Saunders Elsevier. Imaging of the Chest. 2008;1039-44. 6. O’Connor OJ, Vandeleur M, McGarrigle AM, Moore N, McWilliams SR, McSweeney SE et al. Development of Low-Dose Protocols for Thin-Section CT Assessment of Cystic Fibrosis in  7. Pediatric Patients. Radiology. 2010;257(3):820-9. 

Achados Tomográficos Pulmonares em Fibrose Cística

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