Introdução: Na população pediátrica a amigdalectomia é
um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes. O facto
de existirem diversas técnicas cirúrgicas e de poderem
estar associadas a diferente morbilidade, continua a gerar
discussão acerca de qual escolher. Nesse sentido, o objectivo
deste trabalho é comparar a morbilidade pós-operatória de
2 técnicas de amigdalectomia: dissecção clássica e dissecção
com bisturi harmónico.
Material e métodos: Estudo retrospectivo. Foram
alternadamente seleccionados doentes submetidos a
amigdalectomia por dissecção clássica e com bisturi
harmónico, no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de
Braga, Portugal, entre Julho e Dezembro de 2011, num total
de 40 doentes em cada grupo. Dados relativos à duração do
internamento, complicações no pós-operatório imediato,
data de introdução da dieta habitual e recurso ao serviço de
urgência até ao 15º dia pós-operatório foram recolhidos e
comparados.
Resultados: 80 crianças, entre os 3 e os 14 anos, idade
média de 6 anos, 56% do sexo feminino. Foram submetidas
a adenoamigdalectomia 73 crianças e a amigdalectomia
7 crianças. Não se verificaram complicações durante o internamento e todos os doentes tiveram alta no dia
seguinte ao da cirurgia. Um número significativamente
maior de doentes submetidos a amigdalectomia com bisturi
harmónico (12/40 vs 1/40) recorreu ao serviço de urgência
nos dias seguintes à cirurgia, por odinofagia ou hemorragia
(p <0.05). O número de dias após cirurgia, em média, em que
foi introduzida dieta habitual, foi também significativamente
maior no grupo submetido a amigdalectomia com bisturi
harmónico (7 dias vs 4 dias) (p <0.05).
Conclusões: O uso do bisturi harmónico na amigdalectomia
mostrou neste estudo estar associado a maior morbilidade
pós-operatória, verificando-se maior recurso ao serviço de
urgência e maior demora na introdução de dieta habitual.
Estes factores devem ser tidos em conta na indicação da
técnica cirúrgica de amigdalectomia, principalmente na
população pediátrica