Eosinófilos duodenais : potencial associação com a infecção pelo Helicobacter pylori e com os sintomas da dispepsia funcional

Abstract

Introdução e objetivos: Eosinofilia duodenal está associada com parasitoses intestinais e com alergias alimentares, e tem sido sugerida como possível fator etiológico da dispepsia funcional, pela capacidade de causar alterações na motilidade e na sensibilidade do aparelho digestivo. Sua relação com o Helicobacter pylori é pouco conhecida, tendo sido avaliada apenas como achado secundário em alguns estudos, com resultados controversos. Esse estudo tem como objetivos avaliar o papel da infecção gástrica pelo H. pylori no número de eosinófilos duodenais e avaliar a relação dos eosinófilos duodenais com os sintomas da dispepsia funcional. Métodos: foram avaliados 100 pacientes dispépticos funcionais, de acordo com os critérios de Roma III, dos quais 50 foram H. pylori positivos e 50 negativos. Os pacientes foram submetidos à endoscopia digestiva alta com biópsias gástricas e duodenais. A positividade do H. pylori foi avaliada pelo teste de urease e pelo exame histológico (Hematoxilina-eosina e Giemsa). As biópsias duodenais foram avaliadas com hematoxilina-eosina e a número de eosinófilos duodenais foi quantificada pela média de eosinófilos por 5 campos de grande aumento (CGA) aleatórios e não sobrepostos. Eosinofilia duodenal foi definida pela presença de >22 eosinófilos/CGA. As medianas das médias aritméticas dos eosinófilos duodenais por cinco CGA foram comparadas entre os pacientes H. pylori positivos e negativos. Também foi avaliada a relação do número de eosinófilos duodenais com a intensidade e tipo de sintomas dispépticos, determinados por questionário validado (PADYQ). Os eosinófilos duodenais foram avaliados para variáveis demográficas e endoscópicas. Resultados: Pacientes do sexo feminino representaram 88% da amostra e a idade média foi de 41,7 anos As características basais dos pacientes H. pylori positivos e H. pylori negativos foram semelhantes. Apenas um paciente, no grupo H. pylori positivo, apresentou eosinofilia duodenal. As medianas dos eosinófilos duodenais/CGA foram 4,6 [P25-75: 2,8-7,2] nos pacientes H. pylori negativos e 4,7 [P25-75: 3,4-8,4] nos H. pylori positivos (p= 0,403). O número de eosinófilos 8 duodenais foi significativamente maior em pacientes com sintomas mais intensos: pacientes com escore do PADYQ >22 (>50% da pontuação máxima) apresentaram mediana de eosinófilos duodenais/CGA de 5,4 [P25-75: 3,4–7,6] e pacientes com escore ≤22 de 3,4 [P25-75: 2,2–6,0] (p= 0,018). Os pacientes foram divididos em tercis, de acordo com a intensidade dos sintomas: grupo 1 com 31 pacientes (sintomas leves); grupo 2 com 30 pacientes (sintomas moderados); e grupo 3 com 31 pacientes (sintomas acentuados). A mediana dos eosinófilos duodenais/CGA no grupo 1 foi de 3,4 [P25-75: 2,2 -6,0]; no grupo 2 de 4,7 [P25-75: 3,2-6,4]; e o grupo 3 de 5,8 [P25-75: 3,6-8,2] (P=0,033). Houve diferença estatisticamente significativa no número de eosinófilos duodenais entre fumantes e não fumantes (p= 0,030) e entre pacientes com índice de massa corporal (IMC) 22 eosinophils/HPF. The median of the arithmetic means of the duodenal eosinophils counts per high power field were compared between H. pylori positive and H. pylori negative subjects. The relationship between the number of duodenal eosinophils and the intensity and type of dyspeptic symptoms was determined by validated questionnaire (PADYQ). Duodenal eosinophils counts were also evaluated by demographic variables and endoscopic findings. Results: 88% of the subjects were female and the mean age was 41.7 years. Baseline characteristics were similar between H. pylori positive and H. pylori negative subjects. Only one patient, in the H. pylori positive group, had duodenal eosinophilia. The median duodenal eosinophils/HPF were 4.6 [Percentiles 25-75(P25-75): 2.8-7.2] in H. pylori negative and 4.7 [P25-75: 3.4-8.4] in H. pylori positive subjects (p= 0.403). The duodenal eosinophil count was greater in subjects with higher symptoms severity: patients with PADYQ score more than 22 (>50% of the maximum score) had median duodenal eosinophil/HPF of 5.4 [P25-75: 3,4–7,6] and subjects with PADYQ score ≤22 of 3.4 [P25-75: 2.2–6.0] (p= 0.018). The patients were divided into terciles, according to symptoms severity: group 1 with 31 subjects (mild symptoms); group 2 with 30 subjects (moderate symptoms); and group 3 with 31 subjects (severe symptoms). 10 The median duodenal eosinophils/HPF was 3.4 [P25-75: 2.2-6.0] in group 1; 4.7 [P25-75: 3.2-6.4] in group 2; and 5.8 [P25-75: 3.6-8.2] in group 3 (p=0.033). There was a higher duodenal eosinophils count in smokers (current or former) (p=0.030), and subjects with BMI ≥ 25 kg/m2 (p=0.035). In the multivariate analysis by linear regression, the duodenal eosinophil count were influenced by smoking (p = 0.026) and dyspeptic symptoms severity (p= 0.039). Conclusion: This study did not show an association between H. pylori infection and the number of duodenal eosinophils, in this population of functional dyspeptic patients. However, a directly proportional and statistically significant relationship between the number of duodenal eosinophils and the intensity of dyspeptic symptoms has been demonstrated

    Similar works