A psicanálise freudiana e o atual contexto científico da biologia da mente: uma discussão a partir das concepções sobre o ego

Abstract

There were substantial changes in the 90s decade in brain researchs, when one begins to discuss the benefits of an alignment of interests between the areas of Neuroscience, Psychiatry, Cognitive Psychology and Psychoanalysis. Fact that it was linked to the change of perspective in sciences cognition and neuroscience, from a cognitive perspective to a dynamic and motivational view, in theory, more able to include aspects of subjectivity in the modern field of the study of mind. The psychoanalytic literature is very resistant to a renewed discussion of metapsychology, however there is no denying the construction of a notion of interdisciplinarity between the brain sciences and psychoanalysis (and psychological sciences in general). This Thesis intends to discuss some contemporary proposals of convergence between the neuropsychiatric and psychosocial formulations, in view of an interface between cognitive neuroscience and psychoanalysis, using Freudian concepts about the ego (Ich) as head theme. The search for the greatest integration between these formulations of the ego in Freudian theory could possibly contribute in reflecting on the debate on the rapprochement between psychoanalysis and neuroscience. We present the dialogue that some programs offer neuroscience for psychoanalysis. Does Freud's 19th century has to offer some contribution to what is named today as a new biology of mind? How to recover his thought could supply some conceptual and methodological shortcomings of these programs neurobiological? Psychoanalysis would be on the verge of losing its identity amid the current intellectual scene of the brain sciences? The aspirations of this multidisciplinary research about the mind and brain could open new horizons for psychoanalysis? The search of neuropsychological origins of Freudian metapsychology has opened a range of discussions, both in the neuroscience community, as in psychoanalysis. Instead of taking immediate support or a refusal to this interface is proposed that much like integration , this work suggests that the inquiries are referred to their own conceptual and methodological frame of neuroscience programs and examination of the Freudian theories, for knowing whether these concepts are open to this kind of reading - thus avoiding hasty conclusions and simplifications to that proposal.Universidade Federal de Minas GeraisAs pesquisas sobre o cérebro passaram por modificações importantes no final dos anos 90, quando se começa a discutir os benefícios de um alinhamento de interesses entre as áreas de Neurociência, Psiquiatria, Psicologia Cognitiva e Psicanálise. Fato que esteve ligado à mudança de enfoque investigativo nas Ciências da Cognição e nas neurociências, indo de uma perspectiva cognitivista para uma visão dinâmica e motivacional, em tese, mais municiada para incluir os aspectos da subjetividade no moderno cenário do estudo da mente. A literatura psicanalítica ortodoxa é deveras resistente a uma rediscussão científica da metapsicologia, contudo não há como negar a construção de uma noção de interdisciplinaridade entre as ciências do cérebro e a psicanálise (e ciências psicológicas em geral). O presente trabalho propõe-se a discutir algumas propostas contemporâneas de convergência entre as formulações neuropsíquicas e psicossociais, no panorama de uma interface entre a neurociência cognitiva e a psicanálise, utilizando as concepções freudianas sobre o ego (Ich) como eixo temático. A busca por uma maior integração entre estas formulações na teoria freudiana do ego talvez possa contribuir na reflexão sobre o debate em torno da aproximação entre a psicanálise e as neurociências. Apresentamos a interlocução que alguns programas neurocientíficos propõem para a psicanálise. Será que o Freud do século 19 tem alguma contribuição a oferecer para o que se reivindica atualmente como uma nova biologia da mente? De que modo a recuperação de seu pensamento poderia suprir algumas lacunas conceituais e metodológicas desses programas neurobiológicos? Estaria a psicanálise na iminência de perder sua identidade em meio ao atual cenário intelectual das ciências cerebrais? As aspirações desse quadro multidisciplinar nas investigações sobre a mente e o cérebro poderiam abrir novos horizontes para a psicanálise? O fato é que a exploração das origens neuropsicológicas da metapsicologia freudiana tem aberto um leque de discussões, tanto na comunidade neurocientífica, como na psicanálise. Ao invés de assumir um apoio imediato ou uma recusa a essa interface ou ao que muito globalmente se propõe como integração , esse trabalho sugere que os questionamentos sejam remetidos ao próprio enquadre conceitual e metodológico dos programas neurocientíficos e ao exame das teses freudianas, para saber se estas têm ou não elementos favoráveis a esse tipo de leitura -, evitando assim conclusões apressadas e até simplificações daquela proposta

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