Universidade Federal de Minas GeraisTendo em vista a necessidade de se avaliar e monitorar as práticas advindas da política da inclusão escolar em nosso país, principalmente por meio da opinião e percepção dos principais atores envolvidos neste processo, que são os alunos, este estudo tem por objetivo identificar, descrever e analisar a percepção dos alunos egressos de classe/escola especial para deficientes mentais a respeito da atual matrícula na classe comum, das interações sociais na escola, dos relacionamentos com a aprendizagem do conteúdo curricular, das expectativas futuras, comparando a experiência de escolarização em classe comum com outros espaços da Educação Especial por eles vivenciados. O estudo foi desenvolvido na rede municipal de educação de Araraquara-SP. Participaram do estudo dois grupos de alunos de escolas públicas comuns, sendo o primeiro grupo composto por 10 alunos egressos de espaços especializados (classe ou escola especial) para estudantes com deficiência mental e o outro grupo com 10 alunos que eram os respectivos colegas de classe dos alunos com deficiência. O procedimento de coleta de dados envolveu entrevistas com os 20 alunos e demandas de desenhos acompanhados de interrogativas. A análise dos dados para as respostas das entrevistas foi feita a partir da análise de conteúdo, e a análise dos desenhos foi baseada na impressão global e nos aspectos específicos relacionados à situação escolar comentados pelos alunos. Os resultados evidenciaram que as experiências dos alunos em ambientes inclusivos podem envolver tanto impactos positivos quanto negativos. As maiores conquistas, em termos de práticas inclusivas, estão relacionadas ao papel socializador da escola, contudo, não há unanimidade, sendo que alguns alunos relataram experiências de situações excludentes e estigmatizantes na interação com seus pares. Merece também destaque a aprovação dos alunos aos serviços de apoio especializado, que no contexto estudado são ofertados na forma de serviços de itinerância de professores especializados, e também a importância que os alunos egressos dos espaços especializados atribuem à escola no tocante a inserção social futura. A maior dificuldade relatada por eles diz respeito à dificuldade na aprendizagem do conteúdo curricular. Assim a prática de inclusão escolar, compreendida como a escolarização em classe comum de escola regular parece produzir benefícios para a maioria dos alunos, entretanto, tal prática não pode ser vista a priori como algo bom ou ruim, pois se observa que os alunos com deficiência mental vêem tanto aspectos positivos quanto negativos nesta forma de escolarização. Os resultados positivos parecem vinculados a existência de suporte do professor itinerante, e sugerem o aprofundamento de investigações no sentido de identificar quais suportes favorecem a escolarização inclusiva