Orientadores: Luiz Carlos Zeferino, Fabrício Palermo BrenelliDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: A cirurgia conservadora associada à radioterapia é o tratamento de escolha para pacientes com câncer de mama em estadios iniciais. A cirurgia oncoplástica é uma importante ferramenta na ampliação da indicação de cirurgia conservadora no tratamento de tumores maiores, com localização desfavorável ou desproporção tumor-mama, possibilitando ressecções com margens mais amplas, melhores resultados estéticos e reduzindo a indicação de mastectomias. O objetivo deste estudo foi comparar as características das pacientes e do tumor e os desfechos cirúrgicos e oncológicos das pacientes submetidas à cirurgia conservadora com e sem oncoplástica para tratamento do câncer de mama. Métodos: foram incluídas 866 pacientes consecutivamente submetidas a cirurgia conservadora de 2011 a 2015 no CAISM (Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher). Foi realizada um estudo de coorte reconstituída baseada em amostra de conveniência. Os dados foram colhidos e gerenciados no REDCap® e exportados para o Excel® para análise estatística. Para comparar os grupos, foram utilizados Teste t de Student ou Mann-Whitney para variáveis contínuas e teste Qui-quadrado ou Exato de Fisher para variáveis categóricas e regressão logística binária para obtenção do Odds ratio (OR) e Intervalo de confiança (IC) de 95% foi considerado significativo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Foram analisados: perfil da população e do tumor, complicações pós-operatórias, status de margem cirúrgica, taxa de ampliação de margem e de conversão em mastectomia, tempo para adjuvância e recidiva local. Resultados: O tempo médio de seguimento foi de 50,4 meses. Em 768 (88,7%) pacientes foi realizada cirurgia conservadora sem oncoplástica e em 98 (11,3%) cirurgia conservadora com oncoplástica. No grupo de cirurgia oncoplástica houve mais pacientes com menos de 50 anos (OR 3,19; IC 2,08-4,90) e foram submetidas com mais frequência à quimioterapia neoadjuvante (OR 2,67; IC 1,26-3,67). Menos pacientes apresentavam diabetes (OR 0,30; IC 0,13-0,70) e hipertensão (OR 0,41; IC 0,26-0,66). No grupo oncoplástica foram mais frequentes os tumores in situ (OR 3,15; IC 1,56-6,35), os invasores maiores do que 2cm (OR 3,40; IC 2,13-5,43) e os tumores multifocais (OR 2,15; IC 1,26-3,67), além de axila clinicamente comprometida (OR 2,03; IC 1,24-3,31) e maior peso de peça cirúrgica excisada (p<0,0001). Indicação de segunda cirurgia para ampliação de margens foi 2,72 vezes maior no grupo sem oncoplástica (OR 2,72; IC 1,07-6,85). Houve mais deiscência de cicatriz no grupo oncoplástica (OR 4,74; IC 2,32-9,65), mas não houve diferença significativa quanto à presença de complicações maiores precoces (OR 0,93; IC 0,45-1,93), conversão em mastectomia (OR 1,48; IC 0,70-3,12), tempo para adjuvância (p=0,32), ou recidiva local (OR 1,50; IC 0,55-4,07). Conclusão: A cirurgia oncoplástica, mesmo sendo utilizada no tratamento de tumores maiores e multifocais, levou a menos cirurgias para ampliação de margem e não levou a aumento de complicações maiores, conversão para mastectomia, atraso no tratamento adjuvante ou recidiva localAbstract: Breast conservative surgery with radiotherapy is the standard treatment for patients with early breast cancer. Oncoplastic surgery plays an important role in extending the indications of breast conservative surgery for larger tumors, unfavorable tumor location or breast-tumor rate, enabling large margin extensions, better cosmetic outcomes and reducing the indications of mastectomy. The aim of this study was to analyze the characteristics and both surgical and oncologic outcomes of patients submitted to oncoplastic and non-oncoplastic conservative surgery. Methods: Data was retrospectively collected from 866 patients consecutively submitted to oncoplastic and non-oncoplastic breast conservative surgery from 2011 to 2015 at CAISM (Women's Hospital Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - Center for Integral Attention to Women's Health). Data management and statistical analysis were done with REDCap® and Excel®. Mann-Whitney or t-Student test were used for comparison of continuous variables and Chi squared or Fisher Exact test for the categorical variables. For multivariate analysis, binary logistic regression was used to obtain the OR, with a 95% Confidence Interval (CI) considered to be statistically significant. The study was approved by the Research Ethics Committee of the institution. The variables analyzed were: population and tumor characteristics, postoperative complications and their risk factors, surgical margin status and factors associated with positive margins, margin extension and mastectomy conversion rates, time for adjuvant therapy and local recurrence. Results: The 866 patients had a median follow up of 50.4 months. Non-oncoplastic conservative surgery was performed in 768 (88.7%) patients and oncoplastic surgery in 98 (11.3%). The oncoplastic group had more young patients (OR 3.19; CI 2.08-4.90), more neoadjuvant chemotherapy (OR 2.67; CI 1.57-4.54) and fewer patients with diabetes (OR 0.30; CI 0.13-0.70) and hypertension (OR0.41; CI 0.26-0.66). The tumors in this group were more frequently in situ (OR 3.15; CI 1.56-6.35), larger invasive tumors (OR 3.40; CI 2.13-5.43) and multifocal (OR 2.15; CI 1.26-3.67), with compromised axilla (OR 2.03; CI 1,24-3.31) and greater weight of surgical specimen (p<0.0001). The indication for a second surgery for margin re-excision was 2.72 times higher in the non-oncoplastic group (OR 2.72; CI 1.07-6.85). There was more scar dehiscence in the oncoplastic group (OR 4.74; CI 2.32-9.65), but there was no significant difference in early major complications (OR 0.93; CI 0.45-1.93), conversion to mastectomy (OR 1.48; CI 0.70-3.12), time to adjuvant therapy (p=0.32) or local recurrence (OR 1.50; CI 0.55-4.07). Conclusion: Oncoplastic surgery, even when used in the treatment of larger and multifocal tumors, resulted in fewer surgeries for margin re-excision and did not increase the rate of early major complications, positive margins, conversion to mastectomy or local recurrenceMestradoOncologia Ginecológica e MamáriaMestra em Ciências da Saúd