Skin color/race as a factor associated with maternal and perinatal morbidity and mortality

Abstract

Orientador: José Guilherme CecattiTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: Introdução: Classificar/discriminar a raça ou a origem étnica de um indivíduo pode muitas vezes auxiliar o médico no diagnóstico e tratamento do mesmo. O verdadeiro significado de raça, cor da pele e etnia é complexo. De qualquer forma, nascer, viver, adoecer e morrer são experiências sabidamente desiguais entre brancos, negros e indígenas. Isso seria também aplicável ao processo de gestação e nascimento entre mulheres de diferentes raças/cor de pele e poderia determinar diferenciais na ocorrência de morbidade e mortalidade materna. A identificação precoce e o tratamento adequado das complicações obstétricas são os responsáveis pela queda na morbidade e mortalidade materna. Objetivos: Avaliar a cor da pele materna como um fator associado a eventos de Near Miss Materno (NMM) na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS); descrever NMM entre mulheres de diferentes origens raciais que participaram do estudo Chamada Neonatal (CN); e avaliar a associação de complicações maternas graves com a cor da pele materna, e os respectivos resultados perinatais, no estudo da Rede Brasileira de Vigilância de Morbidade Materna Grave (RBVMMG). Métodos: foi realizada uma análise secundária de três estudos já realizados, abordando a cor da pele/raça materna, como fator associado à morbimortalidade materna e perinatal. A primeira análise consiste na avaliação da associação entre cor da pele e Near Miss materno na PNDS. A segunda análise foi a avaliação da associação entre diferenças raciais e a ocorrência de Near Miss materno nas regiões Amazônica e Nordeste do Brasil, no estudo Chamada Neonatal. E a terceira análise consiste na avaliação da ocorrência de desfecho materno grave (near miss materno + morte materna) nos diferentes grupos de mulheres determinados pela cor da pele, no estudo da RBVMMG. Resultados: No PNDS 5.025 mulheres constituíram a população avaliada, 59% das mulheres eram negras ou pardas, cerca de 23% destas tiveram alguma complicação, e 2% tinham pelo menos um critério pragmático de NMM; a razão de NMM foi de 31 por 1.000 nascidos vivos, e sua ocorrência não foi estatisticamente diferente entre os grupos de cor da pele. A ocorrência de NMM esteve associada à maior idade e menor escolaridade maternas. No estudo da CN 16.783 mulheres foram entrevistadas, aproximadamente 76% dessas eram negras, 6% relataram alguma complicação relacionada à gravidez, e a razão NMM foi maior entre as indígenas (53,1/1000NV) e negras (28,4) do que entre as brancas (25,7). A ocorrência de NMM esteve associado ao menor número de consultas de pré-natal, à cesariana, à primeira gestação e ao maior tempo para se chegar ao hospital. No estudo da RBVMMG, foram avaliadas 7.139 mulheres, 57,1% dessas eram negras e 42,8% eram brancas, a razão de mortalidade foi de 1 para cada 5,2 casos de Near Miss materno, independente da cor da pele materna. A ocorrência de desfecho materno grave (DMG) foi maior entre o grupo de mulheres brancas. Conclusão: os três estudos mostraram diferentes resultados da associação entre cor de pele/raça com a ocorrência de morbidade materna grave. É possível que esses resultados discordantes possam ser devidos a uma importante miscigenação na população brasileira, como também influência de diversos fatores sociais, econômicos e de acesso das mulheres aos serviços de saúde modulados pela cor da pele/raça das mulheresAbstract: Introduction: Classifying / discriminating the race or ethnic origin of an individual can often assist the physician in its diagnosis and treatment. The true meaning of race, skin color and ethnicity is complex. Anyway, being born, living, falling ill and dying are known unequal experiences among whites, blacks and indigenous. This could also be applicable to the processes of pregnancy and childbirth among women of different races/skin colors and could determine differentials in the occurrence of maternal morbidity and mortality. The early identification and adequate treatment of obstetric complications are responsible for the decrease in maternal morbidity and mortality. Objectives: To evaluate maternal skin color as a factor associated with maternal Near Miss (MNM) events in the Brazilian National Demographic and Health Survey (DHS); to describe MNM among women of different racial backgrounds, who participated in the Neonatal Call (NC) study; and to evaluate the association of severe maternal complications with maternal skin color, and the respective perinatal results, in the study of the Brazilian Network for Surveillance of Severe Maternal Morbidity. Methods: a secondary analysis of three already implemented studies was performed addressing maternal skin color/race as a factor associated with maternal and perinatal morbidity and mortality. The first analysis consists of the evaluation of the association of skin color and MNM in the DHS. The second analysis was the evaluation of the association between racial differences and the occurrence of MNM in the Amazonian and Northeast regions of Brazil, in the study NC. And the third analysis consists of evaluating the occurrence of severe maternal outcome (maternal near miss + maternal death) in the different group of women determined by skin color in the study of the Network. Results: In DHS 5,025 women constituted the population evaluated, 59% of them were black or mixed, about 23% of them had complications, and 2% had at least one pragmatic MNM criterion; the MNM rate was 31 per 1,000 live births, and its occurrence was not statistically different between ethnic of skin color. The occurrence of MNM was associated to the higher maternal age and lower schooling. In the NC study 16,783 women were interviewed, approximately 76% of these were black women, 6% reported any complication related to pregnancy, and the MNM ratio was higher among indigenous (53.1/1000LB) and black women (28.4) than in white women (25.7). The occurrence of MNM was associated to the low number of prenatal visits, to C-section, primigravity and to the longer time to reach the hospital. In the Network study, 7,139 women were evaluated, 57.1% were black and 42.8% were white, the mortality index was 1 for every 5.2 cases of MNM, regardless of maternal skin color. The occurrence of severe maternal outcome (SMO) was higher among the group of white women. Conclusion: The three studies showed different results regarding the association between skin color/race and the occurrence of severe maternal morbidity. It is possible that these discordant results may be due to an important miscegenation in the Brazilian population and also to several social, economic and access to health services factors, that are modulated by the skin color/race of womenDoutoradoSaúde Materna e PerinatalDoutora em Ciências da SaúdeCAPE

    Similar works