Orientadores: Regina Celia Spadari, Dora Maria Grassi-KassisseDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de BiologiaResumo: As manifestações decorrentes da paralisia cerebral (PC) podem causar na criança limitações funcionais acarretando necessidade de auxílio por parte de seus cuidadores, que varia de acordo com a gravidade do comprometimento. A rotina sobrecarregada pela assistência contínua nas atividades diárias constitui um fator estressor crônico, que pode interromper a homeostase orgânica, desencadeando a reação de estresse. Tal reação ativa o eixo Hipotálamo-Hipófise- Supra-renal resultando em aumento da concentração plasmática de cortisol. A concentração deste hormônio na saliva reflete a concentração plasmática, sendo considerada indicador fisiológico do estresse. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto do grau de assistência requerida por crianças com paralisia cerebral sobre os índices de estresse e sobrecarga das cuidadoras, bem como avaliar as conseqüências desta assistência contínua sobre sua qualidade de vida. As voluntárias do Grupo Propósito (GP), constituído de 38 cuidadoras de crianças (4 a 11 anos) portadoras de PC e as do Grupo Controle (GC), composto por 37 cuidadoras de crianças (4 a 11 anos) sem comprometimentos neuromotores foram submetidas a uma única entrevista para aplicação do Inventário de Avaliação Pediátrica de Disfunção (PEDI); Questionário de Estresse Percebido (QEP); Burden Interview (BI) e Questionário de Qualidade de Vida SF-36 (QQVSF36).
As crianças com PC foram classificadas segundo o Sistema de Classificação da Função Motora Grosseira (GMFCS) em dois grupos segundo o grau de disfunção motora. O estresse fisiológico foi avaliado por meio da concentração salivar de cortisol em quatro horários preestabelecidos ao longo de um dia. Os resultados demonstraram maior grau de dependência das crianças do GP e maior sobrecarga nas cuidadoras deste grupo. A qualidade de vida também foi pior nas cuidadoras do GP quando comparada ao GC nos domínios "Capacidade Funcional", "Aspecto Físico", "Dor" e "Estado Geral de Saúde" do QQV-SF-36. Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos no QEP e a concentração salivar de cortisol foi menor nas cuidadoras do GP nas coletas realizadas antes do almoço e antes do jantar. Esses resultados permitem concluir que, embora cuidadoras de crianças com paralisia cerebral necessitem oferecer maior assistência aos seus filhos nas atividade do dia-a-dia determinando maior sobrecarga e comprometimento da sua qualidade de vida, as mesmas se adaptam a essa condiçãodemonstrando preservação do ritmo de liberação de cortisol e níveis de concentração do mesmo mais baixos que mães de crianças independentes, em alguns horários do dia.Abstract: The Cerebral Palsy (CP) manifestations in the child may cause functional limitations leading to th need of assistance from the caregivers, which varies according to the impairment severity. The
routine, burdened by the continuous assistance in the daily activities, which may interrupt the organic homeostasis and may cause stress. Such reaction activates the hypothalamushypophysis- adrenal axis enhancing the cortisol plasmatic and salivary concentration. This hormone concentration in the saliva, therefore is considered a physiological indicator of stress. The present study aimed to evaluate the impact of assistance required by children with CP on the caregivers stress and burden index, as well as to evaluate the consequences of this continuous assistance on their quality of life. The volunteers on the Purpose Group (PG), composed by 38 caregivers of one child each (ranged from 4 to 11 years-old) with CP, and the 37 volunteers on the Control Group (CG), caregivers of children (ranged from 4 to 11 years-old) without neuromotor impairments were submitted to a interview for the application of the "Pediatric Evaluation of Disability Inventory" (PEDI), "Perceived Stress Questionnaire" (PSQ), "Burden Interview" (BI) and "Short Form Health Survey SF-36" (SF36). The children with CP were
classified through the "Gross Motor Function Classification System" (GMFCS) into two groups according to the motor dysfunction level. The physiological stress index was evaluated through the salivary cortisol concentration in four samples collected in pre-established times during one day. The results demonstrated a higher level of dependence of the PG children and a higher burden index in this group caregivers. The quality of life index was also lower in the PG caregivers when compared to the CG on the domains of "Physical Functioning", "Role physical ", "Bodily Pain", and "General Health " of the SF36. No significant difference was found between the groups on PSQ; and the salivary cortisol concentration was lower in the PG caregivers in the samples collected before lunch and before dinner. These results allow us to conclude that, even though the caregivers of children with CP need to offer a higher assistance to her child on the daily life activities, which determines a higher burden and quality of life impairment, they have adapted themselves to this condition, maintaining a normal cortisol rhythm and lower concentration compared to the mothers of independent children in some moments during the day.MestradoFisiologiaMestre em Biologia Funcional e Molecula