Orientadores: Gastão Wagner de Souza Campos, Madel T. LuzDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias MedicasResumo: A crise da atenção à saúde nos serviços públicos e a medicalização social hoje crescentes radicam-se em fatores complexos de múltiplas dimensões, sendo alguns deles inerentes à própria biomedicina. Este trabalho busca analisar, sob o enfoque da interação cotidiana entre médico e doente, a influência intrínseca dessa medicina, enquanto saber e prática, na geração e alimentação da citada crise e da medicalização social, ressaltando aspectos importantes de serem elucidados e enfrentados. Nesse sentido, o estudo parte de um grupo de propostas institucionais de reorganização dos serviços conhecida como ¿em defesa da vida¿ e das contribuições de Ivan Illich (1975) para diagnóstico e enfrentamento da medicalização social. Analisa o saber biomédico através de um paralelo entre o paradigma dominante da biomedicina e aspectos relevantes da crise da atenção à saúde institucional. Analisa a prática biomédica discutindo a contribuição da atenção à saúde para a construção da cultura (e da medicalização social) e os interesses dos médicos no cotidiano dos serviços que conformam em muito as práticas em saúde institucionais. Conclui pela relevante participação da biomedicina na produção da atual crise na atenção à saúde. Propõe e discute, ao final, três estratégias de enfrentamento para as questões levantadas: a) ¿descolar¿ a atenção à saúde institucional do monopólio biomédico (científico); b) reformar a própria biomedicina pelo seu exercício prático nos serviços públicos e c) reorganizar os serviços para torná-los compatíveis com e incentivadores de transformações visando a melhoria da atenção à saúdeAbstract: The crisis in public health care and the presently growing social medicalization are rooted in complex factors with multiple dimensions, some of them inherent in biomedicine itself. This work seeks to analyze, with a focus on the daily interaction betweeen doctor and sick person, the intrinsic influence of this type of medicine on knowledge and practice and in generating and maintaining the cited crisis and social medicalization, emphasizing important apsects to be elucidated and confronted. In this sense, the study is based on a group of institutional proposals for the reorganization of services known as "in defense of life" and the contributions of Ivan Illich (1975) to the diagnosis and confrontation of social medicalization. It analyzes biomedical knowledge through a parallel between the dominant paradigm of biomedicine and relevant aspects of the institutional health care crisis. It also analyzes biomedical practice, discussing the contribution of health care to the construction of culture (and to social medicalization) and the interests of doctors in the daily provision of services that make up the majority of institutional health practices. It concludes with the relevant participation of biomedicine in the production of the present crisis in health care. It proposes and discusses three strategies for confronting the questions it has raised: a) "delink" institutional health care from the biomedical monopoly (scientific); b) reform biomedicine itself so that it becomes a practical exercise in public services and c) reorganize services to make them more compatible with the incentives to transformation with the aim of improving health careMestradoSaude ColetivaMestre em Saude Coletiv