'Programa de Pos-graduacao em Ciencias Contabeis da UFRJ'
Abstract
O presente trabalho tem como objetivos analisar as discussões sobre as terras dos povos
indígenas no Brasil, seu tratamento pelo Poder Judiciário e os impactos que o caso da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol apontam para o presente da concretização dos direitos
territoriais indígenas. A demarcação de terras indígenas tem uma trajetória histórica de
disputas de sentidos que envolve diferentes narrativas: um conflito de grandes proporções que
gesta uma arena política. A disputa é conduzida ao Poder Judiciário para determinar qual
sentido deve prevalecer. A Constituição Federal de 1988 rompe com o paradigma
assimilacionista e tutelar, reconhecendo a organização social indígena pela matriz do direito à
diversidade dos povos e pluralismo político. Na análise do caso Raposa Serra do Sol, afirmase
que o STF inovou o texto constitucional ao inaugurar a tese do marco temporal e 19
salvaguardas institucionais que restringem a demarcação, com o objetivo de “encerrar de vez
as disputas”. Houve aplicação automática das restrições por força vinculante em outros casos
concretos, mas que não é entendimento pacífico no Plenário do STF, o que não encerra a
arena política da disputa do conteúdo de sentido dos direitos territoriais indígenas