Entraves à aprendizagem da ciência química – o docente como obstáculo epistemológico

Abstract

O presente estudo de caso foi desenvolvido pelo autor durante seu estágio supervisionado de Prática de Ensino de Química, realizado em uma escola pública na Cidade do Rio de Janeiro, durante o ano-letivo de 2014. À luz do racionalismo aplicado de Gaston Bachelard, dentro do qual originou-se o conceito de obstáculos epistemológicos, procurou-se identificá-los não apenas como todo e qualquer entrave e entorpecimento à aprendizagem científica, dela inseparáveis, mas também localizá-los, de maneira não usual, nas práticas docentes construídas em tradições pedagógicas resistentes e não reflexivas, o que permitiu considerar o próprio professor, ele mesmo, como obstáculo epistemológico. Estabelecidos na primazia do senso comum, espécie de zona de conforto resistente a mudanças, os obstáculos epistemológicos desenvolvem-se em proximidade com o mundo cotidiano e as experiências primeiras do homem, expressando o domínio do espírito conservador sobre o formativo. É, portanto, no enfrentamento entre as concepções prévias do aluno e o novo conhecimento – e não na acomodação – que se deve operar a mediação didática do conhecimento científico, ou seja, em território de tensões, desconfortos e deslocamentos de crenças arraigadas. Como delimitação do foco investigativo, foram escolhidas para este trabalho as aulas sobre Tabela Periódica, ministradas na primeira série do ensino médio. Tal escolha se justifica pelo fato de que, apesar de constituir-se em uma poderosa ferramenta, tanto no ensino quanto na pesquisa científica propriamente dita, identificou-se ali um território fértil ao surgimento de obstáculos epistemológicos, algo que se agrava por nele localizar-se um dos primeiros contatos formais que o aluno tem com a Química, servindo de base à edificação de inúmeros conceitos fundamentais dessa Ciência

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