'Programa de Pos-graduacao em Ciencias Contabeis da UFRJ'
Abstract
No tempo presente temos visto o crescimento de movimentos conservadores que
buscam a negação de diversos valores da sociedade atual. Ideias-base da sociedade moderna,
como a ciência e a tecnologia estão sendo deslegitimados em sua condição de ferramentas de
interpretação do mundo e como mecanismo de solução de controvérsias. Isso é preocupante,
vendo a importância desses elementos para a melhora da vida material, para o desenvolvimento
do ser humano e considerando o potencial desses elementos para a defesa e ampliação da
democracia e dos direitos humanos. Ao mesmo tempo, até um pouco em contraste, a indústria
cultural se torna uma arena cada vez mais legítima para debates, com as obras pop sendo levadas
mais a sério pelo público e moldando as visões de mundo dos seus consumidores (sendo até
observadas com mais seriedade na academia como veículos válidos de interpretação) e seu
poder de penetração entre o público sendo ampliado pelas novas tecnologias de distribuição de
conteúdo e pelas novas mídias (onde muito do discurso deslegitimador da ciência e da
tecnologia também acontece via teorias da conspiração e posts virais). Unindo esses elementos,
esse trabalho propõe uma reflexão sobre a posição conservadora de uma obra fundacional da
cultura pop quando esta se volta para o tema da a ciência e tecnologia. A partir de uma leitura
aprofundada da obra de Tolkien, pretende-se observar os pontos de aproximação e
distanciamento entre as leituras polanyianas e tolkienianas no que diz respeito à transição para
o mundo capitalista, com atenção especial para os princípios éticos católicos desses autores e
ao papel da tecnologia nesse processo. Isso será feito por meio de revisão bibliográfica dos
autores relacionados. O foco principal do trabalho são as seguintes perguntas: Seria a tecnologia
e a indústria o pecado original que gera os males atribuídos à modernidade por Tolkien (como
o episódio da criação dos 21 anéis e da destruição de Eregion alude fortemente)? Como a leitura
de Polanyi sobre a transição para o capitalismo e a ideia de desenraizamento (ela mesma muito
associada às tecnologias da revolução industrial) nos ajuda a observar a questão, sendo ele um
dos teóricos mais proeminentes (incluindo no campo cristão) no debate sobre essa transição e
seus males? Como podemos aprofundar a nossa compreensão da visão dos dois autores sobre
esse tema se notarmos suas relações com o movimento político católico europeu do início do
século XX