Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis subsp. verticillata (Vitaceae) é conhecida popularmente como insulina vegetal, cortina japonesa, uva-brava, anil trepador e cipó-pucá e utilizada na medicina popular na forma de chá das folhas no tratamento da diabetes, como antiinflamatório, antiepilético, antihipertensivo, antitérmico, antireumático, antigripal e contra infecções respiratórias. O objetivo deste estudo foi avaliar os teores de massa fresca, massa seca, percentual de água e percentual de cinzas totais, visando melhoria das condições de secagem, armazenamento, dispensação e uso pela população. As folhas da espécie foram coletadas no bairro Antônio Dias, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Foram selecionadas, lavadas e secas em estufa com ventilação forçada à 45ºC e determinou-se as cinzas totais e perda por dessecação (através do método gravimétrico), ambos de acordo com a Farmacopéia Brasileira. Os resultados mostraram que as folhas de C. verticillata subsp. verticillata possuem alto teor de água. O processo de secagem em estufa de ventilação forçada, a temperatura de 45ºC, foi eficaz, proporcionando folhas com 11,47% de umidade e 17,99% de cinzas totais

Braga, Tatiane Vieira

Dôres, Rosana Gonçalves Rodrigues das

Nagem, Tanus Jorge

Oliveira, Tânia Toledo de

Pinto, José Geraldo

LAReferencia - Red Federada de Repositorios Institucionales de Publicaciones Científicas Latinoamericanas

Determinação de massa fresca, massa seca, água e cinzas totais de folhas de Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis subsp. verticillata e avaliação do processo de secagem em estufa com ventilação forçada.

REPOSITORIO INSTITUCIONAL DA UFOP

287Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada Journal of Basic and Applied Pharmaceutical Sciences Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 28, n.3, p. 287 - 290, 2007ISSN 1808-4532Determinação de massa fresca, massa seca, água e cin-zas totais de folhas de Cissus verticillata (L.) Nicolson& C. E. Jarvis subsp. verticillata e avaliação do proces-so de secagem em estufa com ventilação forçadaBraga, T.V.1*, Oliveira, T.T.2, Pinto, J.T.1, Dores, R.G.R.3, Nagem, T.J.31Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil.2Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG, Brasil.3Departamento de Química, LAPPRONA , Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil.Recebido 17/10/2007 / Aceito 22/04/2008*Autor correspondente: Tatiane Vieira Braga - Laboratório de ProdutosNaturais (LAPPRONA) - Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP -ICEB II, sala 11  -  Campus Universitário - CEP: 35400-000 -  Ouro Preto  -MG, Brasil - Telefone: (31) 3559-1719 - e-mail: tativbr@yahoo.com.brRESUMOCissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis subsp.verticillata (Vitaceae) é conhecida popularmente como in-sulina vegetal, cortina japonesa, uva-brava, anil trepadore cipó-pucá e utilizada na medicina popular na forma dechá das folhas no tratamento da diabetes, comoantiinflamatório, antiepilético, antihipertensivo,antitérmico, antireumático, antigripal e contra infecçõesrespiratórias. O objetivo deste estudo foi avaliar os teo-res de massa fresca, massa seca, percentual de água epercentual de cinzas totais, visando melhoria das condi-ções de secagem, armazenamento, dispensação e uso pelapopulação. As folhas da espécie foram coletadas no bair-ro Antônio Dias, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Fo-ram selecionadas, lavadas e secas em estufa com ventila-ção forçada à 45ºC e determinou-se as cinzas totais eperda por dessecação (através do método gravimétrico),ambos de acordo com a Farmacopéia Brasileira. Os re-sultados mostraram que as folhas de C. verticillata subsp.verticillata possuem alto teor de água. O processo de se-cagem em estufa de ventilação forçada, a temperaturade 45ºC, foi eficaz, proporcionando folhas com 11,47%de umidade e 17,99% de cinzas totais.Palavras-chave: Cissus verticillata; insulina vegetal; quali-dade; gravimetria.INTRODUÇÃOA espécie Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E.Jarvis subsp. verticillata pertence à família Vitaceae que com-preende 12 gêneros de distribuição predominante nas regi-ões tropicais de todo o mundo. Pode ser encontrada comotrepadeira (com até 10 metros) ou arbusto perene (com atétrês metros). As folhas são alternas, simples e de formas va-riáveis (ovaladas, ovaladas-elípticas ou oblongas), lobadasou profundamente partidas, podendo atingir 15 cm de com-primento por 12,5 cm de largura, pontiagudas, de bases va-riáveis (redonda, cordada, sagitada), às vezes cobertas depêlos e margens denteadas. As inflorescências são opostasàs folhas, com flores pequenas, branco-esverdeadas, bran-cas, amarelas ou raramente rosas. Os frutos são obovóides aglobosos, carnosos, com até 1 cm de largura, de cor púrpuraa negro (Alipi Pichardo, 2007).É conhecida popularmente como insulina vegetal(Oliveira, 2006), cortina japonesa, uva-brava, anil trepador(Beltrame et al., 2001) e cipó-pucá (Barbosa et al., 2002).Na medicina popular esta espécie é utilizada na forma dechá das folhas no tratamento da diabetes (Barbosa et al.,2002). É utilizada também como antiinflamatório,antiepilético, antihipertensivo, antitérmico, antireumático(Beltrame et al., 2001), antigripal e contra infecções respira-tórias (Garcia et al., 1999).Estudos farmacológicos in vivo demonstraram aredução na glicemia (Barbosa et al., 2002; Pepato et al., 2003;Viana et al., 2004) e atividade inibitória contra bactériasGram-positivas e Gram-negativas (Garcia et al., 1999).Quimicamente foram detectados cetoesteróides,carotenóides, vitamina E, alcalóides e os flavonóidescanferol, luteolina, luteolina-3'-sulfato (Barbosa et al., 2002)e quercetina (Soares   Barbosa, 2007).De acordo com a Portaria nº 971 do Ministério daSaúde (Brasil, 2006), a OMS tem estimulado os países aincluírem a Fitoterapia em seus sistemas de saúde. O Bra-sil possui grande potencial no desenvolvimento desta tera-pêutica, e vale ressaltar o uso consagrado pela populaçãobrasileira do chá das folhas da insulina vegetal (C.verticillata) como coadjuvante em tratamentos de diabetes(Barbosa et al., 2002).288Qualidade física de C. verticillataConsiderando que a eficácia e segurança de espé-cies vegetais utilizadas para fins terapêuticos dependem daqualidade, é importante obedecer às condições ideais de cul-tura, colheita, secagem, estabilização, conservação earmazenamento (Amaral et al., 2003). Poucas são as infor-mações existentes sobre procedimentos de cultivo e proce-dimentos de pós-colheita em plantas medicinais (Radünz etal., 2001). Dentre tais procedimentos inclui-se o processode secagem que pode alterar a qualidade da espécie vegetal,pois a presença de quantidade excessiva de água em drogasvegetais propicia o desenvolvimento de fungos, bactérias,insetos e pode acarretar em hidrólise de constituintes quími-cos (Farmacopéia Brasileira IV, 1988). Assim, a alta sensi-bilidade do princípio biologicamente ativo e sua preserva-ção no produto final é o maior problema na secagem de plan-tas medicinais (Radünz et al., 2001).No presente estudo, com o objetivo de avaliar osteores de massa fresca, massa seca, percentual de água epercentual de cinzas totais realizou-se a secagem artificialde folhas de C. verticillata subsp. verticillata, visandomelhoria das condições de secagem, armazenamento,dispensação e uso pela população.MATERIAL E MÉTODOSColeta do materialFolhas de C. verticillata subsp. verticillata foramcoletadas no bairro Antônio Dias, Ouro Preto, Minas Gerais(latitude: 20º 23' 15.24" S e longitude: 43º 30' 3.56" O) nomês de Março de 2008, no período da manhã. Confeccio-nou-se exsicata que foi identificada pelo especialista Dr. JulioAntônio Lombardi, da UNESP, Rio Claro e depositada noHerbário José Badini da Universidade Federal de Ouro Pre-to (OUPR 20570).MetodologiaPreparo das FolhasNa avaliação de massa fresca, seca e percentual deágua, 2,0 g de folhas frescas foram secos em estufa comventilação forçada, FABBE modelo 171, à 45ºC, com seisrepetições. Na condução do teste pesou-se em balança ana-lítica, Sartorius BP221S, embalagens de papel vazias, nasquais  foram adicionadas folhas frescas, inteiras de C.verticillata subsp. verticillata e novamente procedeu-se apesagem do material que foi levado à estufa de ventilaçãoforçada, permanecendo até peso constante (Dôres, 2007).ExtraçãoO extrato metanólico foi preparado com 2,0 g defolhas secas e 400 mL de álcool metílico PA, com quatrorepetições. Após extração exaustiva, filtrou-se e evaporouos extratos metanólicos até a secura em evaporador rotató-rio a pressão reduzida e calculou-se o rendimento final(Beltrame et al., 2001).Ensaios FísicosAs folhas secas foram submetidas aos ensaios de"Determinação de cinzas totais" segundo a metodologiaV.4.2.4. e "Determinação da perda por dessecação" (Méto-do gravimétrico) de acordo com a metodologia V.2.9., ambasdescritas na Farmacopéia Brasileira IV (1988).No ensaio de determinação de cinzas totais, 3,0 gde folhas secas pulverizadas foram colocados em cadinhosde porcelana, com quatro repetições. O material foi levado amufla, Proquilabor modelo 400-B, à 450ºC, por aproxima-damente 30 minutos, até formação total de cinzas(Farmacopéia Brasileira IV, 1988).Na determinação da perda por dessecação, as fo-lhas secas foram pulverizadas e distribuidas em quatro repe-tições com 2,0 g de pó cada. O material foi colocado emcadinhos de porcelana e levados a estufa, Magnu's, à 105ºCaté peso constante (Farmacopéia Brasileira IV, 1988).Em todos os procedimentos as pesagens necessári-as foram realizadas em balança analítica, Sartorius BP221S.Análise EstatísticaOs dados foram submetidos a análise de variância,teste de média ao nível de 5% de significância, utilizando oprograma SAEG 2007/UFV.RESULTADOSNa avaliação do percentual de água, da perda por se-cagem, as folhas permaneceram em estufa com ventilação for-çada por período de 96 horas. Estes resultados, bem como os dadeterminação de cinzas totais estão descritos na Tabela 1.O rendimento do extrato metanólico seco das folhasfoi de 23,65% (o peso do extrato seco foi de 0,4731g ± 0,001).No ensaio de determinação da perda por dessecação,o pó das folhas permaneceu em estufa por período de seishoras e os resultados estão descritos na Tabela 2.DISCUSSÃOPara a maioria das plantas comercializadas na for-ma de chá não existe parâmetros de avaliação de qualidade,embora sejam amplamente comercializadas em mercados,feiras livres, farmácias e ervanárias brasileiras, como tam-bém ocorre em C. verticillata subsp. verticillata. É prioritáriocriar-se padrões de qualidade organolépticas, físico-quími-cas, microbiológicas e fitoquímicas que venham atender omercado consumidor brasileiro.Os resultados mostraram que as folhas de C.verticillata subsp. verticillata possuem percentual de águade 85,52% (Tabela 1). Esse alto teor de água leva a neces-289TRATAMENTOS MÉDIAS ± DESVIO PADRÃO (a = 5 %) CV  (%) TMF 2,8086 ± 0,09 3,175 TMS 0,4069 ± 0,02 5,844 TPA 85,5214 ± 0,43 0,501 TPMS 14,4786 ± 0,43 2,957 TPC 17,9933 ± 0,84 4,67  Tabela 1 - Comparações das médias (g) e desvio padrão de análises dos trata-mentos massa fresca (TMF), massa seca (TMS), percentual de água (TPA %),percentual de massa seca (TPMS %) e percentual de cinzas (TPC %), de Cissusverticillata subsp. verticillata. TRATAMENTOS MÉDIAS ± DESVIO PADRÃO (a = 5 %) CV  (%) TMS 2,0024 ± 0,00 0,10 TME 1,7728 ± 0,01 0,69 TPA % 11,4661 ± 0,58 5,07 Tabela 2 - Comparação das médias (g) e desvio padrão de análises dos trata-mentos massa seca (TMS), massa após secagem em estufa (TME) e percentualde água (TPA %) no ensaio de determinação da perda por dessecação, deCissus verticillata subsp. verticillata.sidade de se realizar processo eficaz de secagem pós-colhei-ta já que a secagem artificial de plantas medicinais pode tra-zer vários benefícios tais como aumento no rendimento dosprincípios ativos, bem como redução no tempo necessáriopara completar o processo de secagem, com conseqüente re-dução nos custos (Radünz et al., 2001).Devido ao alto percentual de água nas folhas daespécie em estudo, os processos de secagem inadequadospodem levar à contaminação por fungos e bactérias o que,além de representar riscos devido à produção de substânciastóxicas, pode acarretar destruição e/ou alteração dos princí-pios ativos tornando-se assim o material vegetal impróprioao consumo, como citado por Amaral et al. (2003) avalian-do as drogas vegetais comercializadas em São Luiz/Maranhão.O percentual de cinzas totais foi de 17,99% (0,5408± 0,02 g de cinzas foram obtidas a partir de 3,0061 ± 0,02 g defolhas secas) (Tabela 1). Essa determinação estabelece a quan-tidade de substância residual não-volátil no processo de inci-neração (Farmacopéia Brasileira IV, 1988). É metodologiarápida, simples e pode ser facilmente aplicada no controle dequalidade da espécie vegetal seca, permitindo detectar adulte-rações e evitar a exposição do consumidor ao risco real douso de material vegetal inadequado (Amaral et al., 2003).A fim de evitar a deterioração das plantas medici-nais foi estabelecido o limite de 8 a 14% de umidade residu-al (Farmacopéia Brasileira IV, 1988) que leva a uma boaQualidade física de C. verticillatapreservação da matéria prima vegetal. Analisando o proces-so de secagem realizado pelo método gravimétrico, obser-vou-se que a planta seca continha 11,47% de umidade (Ta-bela 2), estando assim, dentro da faixa de limite estabelecidapela Farmacopéia Brasileira IV (1988). Esse dado é fatorsignificante, pois irá influenciar no processo de conserva-ção, que se aliado a armazenamento adequado, manterá aqualidade da espécie vegetal, estabilidade e preservação desuas propriedades terapêuticas, conforme também relatadonas sementes de camomila (Chamomilla recutita L.) por Sou-za et al. (2007).Considerando o alto percentual de água (85,52%),de cinzas (17,99%) e o rendimento do extrato metanólico(23,65%) das folhas de C. verticillata subsp. verticillata,fica claro a necessidade de se coletar grandes quantidadesde material vegetal fresco, visando à obtenção de massa seca(14,48%) de onde se extrairão os constituintes químicos re-sultantes do metabolismo secundário, especialmente osflavonóides canferol, luteolina, luteolina-3'-sulfato equercetina já identificados por Barbosa et al. (2002) e Soa-res Barbosa (2007) e outros que poderão surgir de testesfitoquímicos futuros.As folhas de C. verticillata subsp. verticillata pos-suem alto teor de água. O processo de secagem em estufa deventilação forçada, a temperatura de 45ºC, foi eficaz, pro-porcionando folhas com teor de 11,47% de umidade e 17,99%de cinzas totais.290Qualidade física de C. verticillataAGRADECIMENTOSOs autores agradecem à Universidade Federal deOuro Preto, CNPq e Fapemig pelo subsídio concedido.ABSTRACTDetermination of fresh mass, dry mass, water and totalash in leaves of Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E.Jarvis subsp. verticillata and evaluation of the dryingprocess with forced ventilationCissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis subsp.verticillata (Vitaceae) (= C. sicyoides L.) which ispopularly known as plant insulin, princess vine, grape-ivy, climbing anil and cipó-pucá, is used in the form of aleaf tea to treat diabetes, inflammation, epilepsy,hypertension, fever, rheumatism, influenza andrespiratory infections. The aim of this study were to assessthe percentages of fresh mass, dry mass, water and totalash, seeking to improve the drying conditions, storage,dispensing and popular use of the plant. The leaves ofthis species were collected in the neighborhood of Antô-nio Dias, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. The leaveswere selected, washed and dried with forced ventilationat 45ºC and the total ash and loss on drying weredetermined by the gravimetric method, in accordancewith the Brazilian Pharmacopoeia. The results showedthat the leaves of C. verticillata subsp. verticillata have ahigh percentage of water. Drying by forced ventilationat a temperature of 45ºC was effective, providing leaveswith 11.47% humidity and 17.99% total ash.Keywords: Cissus verticillata; plant insulin; quality;gravimetric.REFERÊNCIASAlipi AMH, Pichardo JM. Vitaceae. Cissus verticillata (L.)Nicolson & C. E. Jarvis. Tripa de vaca. 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Determinação de massa fresca, massa seca, água e cinzas totais de folhas de Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis subsp. verticillata e avaliação do processo de secagem em estufa com ventilação forçada.

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