Tese apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia, como requisito para obtenção do título de Doutor em Biologia Experimental no Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental. Orientado: Adriana Silva Pontes Orientador: Prof.ª Dr.ª Juliana Pavan ZulianiO veneno de serpentes consiste em uma mistura complexa de proteínas, peptídeos, lipídios,
polissacarídeos e substâncias químicas inorgânicas. Polipeptídeos e proteínas estão presentes
em maiores proporções, chegando a 90-95% do seu peso seco. Dentre os constituintes
proteicos do venenos temos as metaloproteases, fosfodilesterases, hialuronidase, fosfolipases
A2 (PLA2) e L-aminoácido oxidase (LAAO). A LAAO é uma enzima que se encontra
amplamente distribuída em várias espécies de seres vivos. Além de peçonhas de serpentes, a
enzima foi identificada em insetos, fungos e em plantas. Esta proteína desperta um grande
interesse na área científica por apresentar efeitos de oxidação sobre diversos patógenos, como
fungos e vírus e, sobre várias linhagens celulares. Parte desses efeitos é creditado ao peróxido
de hidrogênio, gerado na reação oxidativa dessa enzima. Estudos anteriores realizados por
Pontes et al. (2014) demonstraram a capacidade da LAAO, isolada do veneno da serpente
Calloselasma rhodostoma, em ativar neutrófilos humanos isolados. Vale ressaltar que esta foi
à primeira descrição desse efeito. No presente estudo, a LAAO não apresentou toxicidade
sobre os neutrófilos. Nas concentrações de 50 e 100 μg/ mL, a toxina estimulou a migração
dos neutrófilos, inibida pelo tratamento com Wortimanina (inibidor da PI3K) e SB 202190
(inibidor da p38 MAPK). Também, foi capaz de estimular a produção de espécies reativas do
oxigênio seguido de degranulação, fagocitose de partículas de zimosan e liberação de
mieloperoxidase pelos neutrófilos. Além disso, a LAAO estimulou estas células a liberar
citocinas proinflamatórias como a IL-8, após 3 horas e, a IL-6, após 1 hora de incubação. Os
mediadores lipídicos, prostaglandina E2 e o leucotrieno B4 foram detectados após 1 e 2 horas
de incubação com a LAAO, respectivamente. A LAAO também foi capaz de estimular a
formação e liberação de NETs, durante a 1ª hora de incubação. Este estudo permitiu uma
melhor compreensão do mecanismo de ação da LAAO sobre neutrófilos, possibilitando novas
perspectivas para sua utilização como modelo molecular no estudo de processos
fisiopatológicos e para o desenvolvimento de novos fármacos