Kraemer, Matias Felipe Eidelwein

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Lume 5.8

VIVEIROS COMUNITÁRIOS EM ASSENTAMENTO RURAL COMOCENTROS DE AGRO-BIODIVERSIDADE E GERAÇÃO DE RENDACoordenador: FABIO KESSLER DAL SOGLIOAutor: Matias Felipe Eidelwein Kraemer1. INTRODUÇÃO A simplif icação dos sistemas agrícolas atuaismostram-se incapazes de sustentar-se no tempo-espaço, na medida emque dependem de insumos externos e proporcionam ambientesfavoráveis a pragas e doenças. Este cenário, por sua vez, gera umamaior dependência do agricultor às empresas fornecedoras dos insumos,produzindo um ciclo vicioso e excludente, abrindo espaços para novos' 'mi lagres econômicos' ' .  O resultado disso é o êxodo rural e aconcentração de terras e poder econômico. O retorno ao campo defamílias que perderam suas terras ou foram exploradas pelo modeloagrícola vigente, representa um novo ciclo de propostas buscando oplanejamento de atividades agrícolas soberanas, do ponto de vistacultural, ambiental e social. Surge então a demanda de agricultoresassentados no Assentamento Santa Bárbara, em São Jerônimo-RS, paraa estruturação de um viveiro de produção de mudas de espécies nativaspara recuperação ambiental e que tenham relevância agronômica. A idéiaé de uma atividade comunitária, onde os agentes envolvidos serãobenef ic iados pe la  u t i l i zação das mudas produz idas em seusagroecossistemas e através da comercialização das mesmas. O acesso àmudas arbóreas de espécies diversas, com poucos recursos econômicos,possibilita à comunidade o planejamento de sistemas produtivoscomplexos, com enfoque tanto na alimentação como na produçãomadeireira, vindo de encontro ao atual modelo agrícola. Além disso, háuma crescente demanda de mercado para mudas de espécies arbóreasnativas, seja para arborização urbana, recuperação de áreas degradadas,compensação ambiental, paisagismo, entre outros. O presente trabalho,portanto, apresenta uma proposta para a construção e o desenvolvimentode um viveiro comunitário, que será discutida e reavaliada junto àcomunidade, de maneira que todos os processos e atividades fiquembem esclarecidos. O Espaço do viveiro servirá como núcleo debiodiversidade e fonte de inspiração de ações coletivas, para aconstrução de novos espaços como hortos medicinais e paisagísticos. 2.JUSTIFICATIVAS  A construção de um viveiro para produção deessências florestais nativas no Assentamento Rural ''Santa Bárbara'', noMunicípio de São Jerônimo, just i f ica-se por cr iar uma série deprecedentes para atividades educacionais, ambientais e de produçãoagrícola. Essas atividades refletem na comunidade uma maior autonomia,com menos dependência do Mercado, através da diversificação decul turas e do trabalho comunitár io,  assim como a valor izaçãohistórico-cultural dos agentes envolvidos. Além disso, elas vêm deencontro ao atual modelo de desenvolvimento econômico proposto peloAgronegócio monocultural e exportador, que exclui e inviabiliza aprodução familiar em pequena escala. A valorização de espécies nativase o acesso a essa biodiversidade, são de fundamental importância para adifusão e desenvolvimento de uma Agricultura menos agressiva aoambiente e ao homem, com o planejamento e desenvolvimento desistemas agrícolas diversif icados e que considerem a dinâmicasussecional  de espécies na natureza.  3.  METODOLOGIA DEI N T E R V E N Ç Ã O  N A  C O M U N I D A D E  D u r a n t e  o  p r o c e s s o  d eimplementação, através de atividades educacionais, a construção doviveiro será realizada com a participação da comunidade de forma quecrianças e adultos sejam sujeitos na atuação e compreensão de todos osprocessos, aliando teoria com prática, prática com diversão e diversãocom educação. A idéia fundamental é a discussão e construção coletivado viveiro. A demanda inicial pela construção de um viveiro de mudas deespécies nativas surgiu por parte de alguns agricultores interessados noassunto e que expuseram essa vontade para o grupo de estudantes quelá estão desenvolvendo algumas atividades. Estes estudantes formamparte do Grupo GARRA (Grupo de Apoio à Reforma Agrária) e do GrupoUVAIA de Agroecologia, da Faculdade de Agronomia da UFRGS.Estabeleceu-se uma relação de troca e construção do conhecimento juntoà comunidade assentada, numa visão de extensão que não pense em''levar as soluções prontas para essa comunidade'', mas sim que taissoluções sejam construídas lá, naquele contexto e com as possibilidadesque ele oferece, pelos agentes interessados. Primeiramente foirepassado à comunidade um pré-projeto de um viveiro comunitário, oqual contém uma apresentação e contextualização do tema assim como aimportância da atividade de viveirismo dentro da comunidade. Tem sidotambém ressaltado em conversas com os agricultores, tanto aspotencialidades como as limitações e dificuldades de se produziremm u d a s  c o m  v i a b i l i d a d e  a g r o n ô m i c a ,  d a  n e c e s s i d a d e  d eformação/inserção em redes de trocas e da importância da organizaçãocoletiva. A discussão do local onde será implantado o viveiro, também sefaz necessária, até para que sejam levantados e analisados os diversosfatores relevantes a esse ponto. Por motivos prát icos, como odeslocamento dos agricultores e a organização interna do assentamento,é possível que sejam escolhidos mais de um lugar para a produção demudas, formando assim ''focos de diversidade na região''. A área daSede, como centro comunitário, poderá ser o lugar de centralização destaatividade, assim como qualquer outra ação coletiva da comunidade. Aestruturação física destes espaços será em regime de mutirões, comoestá acontecendo atualmente na construção do galpão da sede e dosgalpões nos lotes familiares, envolvendo os agricultores interessados naproposta.	Para dar seqüência ao trabalho, serão realizadas as saídas acampo, organizadas pela comunidade e acompanhadas pelosestudantes, para coleta de sementes e identificação de matrizes nabio-região.Cada espécie, é analisada segundo hábito, fenologia de flor efruto, tipo de dispersão, categoria sucessional, tipo de fruto, viabilidade dasemente, tipo de solo a ser utilizado e usos gerais. O sistema declassificação utilizado foi o de Cronquist. Com os dados fenológicos dasespécies elencadas para serem multiplicadas no viveiro, torna-se possívelprogramar as saídas a campo para coleta de sementes. Através de umaprévia identificação e cadastro de plantas matrizes, pode-se ter umarastreabilidade quanto à origem e características fenológicas das plantasmult ipl icadas, além de aspectos como a variabi l idade genética(quantidade de indivíduos que fornecem as sementes) e adaptabilidade aambientes diversos. A tabela e o gráfico 1 mostram a distribuição dafruti f icação das espécies ao longo do ano. 4. CONCLUSÕES Aconstrução deste projeto está sendo mui to importante para asedimentação, sistematização e aplicação dos conhecimentos oferecidospela academia, vindo de encontro a uma demanda da comunidade deagricultores. Este trabalho vem nos proporcionando um grandecrescimento pessoal e coletivo. A troca de saberes que ocorre, entreestudantes e a comunidade local no desenvolvimento deste projeto, é deextrema importância para cada um dos envolvidos. A perspectiva é quecontinuemos dialogando na execução prática e nos desdobramentos queesta terá.Outro fator interessante que podemos ressaltar, diz respeito àimportância de projetos neste sentido junto à comunidade rural. Com aconstrução de um viveiro, economicamente viável e gerador de trabalho erenda para a comunidade local, pode-se pensar em planos locais eregionais de reflorestamento, utilizando espécies nativas com potencialeconômico-produtivo, de uma maneira equilibrada e que servirão comofonte de diversificação dos sistemas agrícolas atuais.

VIVEIROS COMUNITÁRIOS EM ASSENTAMENTO RURAL COMO CENTROS DE AGRO-BIODIVERSIDADE E GERAÇÃO DE RENDA

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