Perfil clínico de pacientes com aneurismas de artéria comunicante anterior submetidos a tratamento cirúrgico

Abstract

Os aneurismas intracranianos estão presentes em 2 a 5% da população. Dentre eles, os aneurismas da artéria comunicante anterior são os que podem sofrer ruptura com maior frequência. A hemorragia subaracnóide decorrente de um aneurisma cerebral roto é um quadro de extrema gravidade. O estudo teve por objetivo caracterizar o perfil clínico de pacientes portadores de aneurismas de artéria comunicante anterior operados em um serviço de neurocirurgia de Porto Alegre entre agosto de 2008 e janeiro de 2015, comparar com os dados da literatura e verificar a presença de correlação entre dados clínicos, dados morfológicos do aneurisma e desfecho. Foi realizada revisão de prontuários médicos, bem como análise dos exames radiológicos realizados para diagnóstico do aneurisma. No período estudado, 100 pacientes foram operados. Do total, 15 pacientes portavam aneurismas não-rotos e 85 portavam aneurismas rotos, dos quais a maioria se classificava como Hunt-Hess 1 e 2. Aneurismas rotos apresentaram aspect ratio maior que aneurismas não-rotos (2,37±0,71 vs 1,93±0,51, p=0,02). Optou-se pela realização de craniotomia pterional em todos os casos, sendo o lado da abordagem determinado pelo enchimento angiográfico preferencial do aneurisma. Ruptura transoperatória ocorreu em 3% dos casos (n=3) e clipagem temporária foi utilizada em 15% (n=15). Vasoespasmo clínico ocorreu em 43 pacientes (50,6%) portadores de aneurismas rotos. A mortalidade total foi 26%, sendo 25 do grupo de aneurismas rotos (29,4%) e 1 do grupo de aneurismas não-rotos (6%). O desfecho clínico (Glasgow Outcome Scale) foi favorável (GOS 4 ou 5) em 54% dos pacientes, sendo melhor entre pacientes portadores de aneurisma não-roto (p=0,01). Em pacientes portadores de aneurismas rotos, associaram-se à mortalidade a graduação de Hunt-Hess no préoperatório (p<0,001), hidrocefalia (p<0,001) e presença de complicações clínicas (p<0,001); associaram-se a desfecho desfavorável a graduação de Hunt-Hess (p<0,001), escala de Fisher (p=0,015), vasoespasmo clínico (p=0,012), derivação ventricular externa (p=0,015), hidrocefalia (p<0,001) e presença de complicações clínicas (p=0,001). No caso de pacientes portadores de aneurisma não-roto, associou-se à mortalidade apenas a presença de complicações clínicas (p<0,001). Os dados obtidos são comparáveis com a literatura e demonstram que, apesar de avanços no manejo da hemorragia subaracnóide e do tratamento cirúrgico de aneurismas, a mortalidade ainda é alta, em especial devido às diversas complicações clínicas que esses pacientes estão sujeitos.Intracranial aneurysms are present in 2 to 5% of the population. Among these, aneurysms of the anterior communicating artery (ACoA) are those that rupture most frequently. Subarachnoid hemorrhage secondary to a ruptured cerebral aneurysm is an extremely morbid event. The aim of this study was to characterize the clinical profile of patients presenting with ACoA aneurysms treated at a neurosurgical service in Porto Alegre, Brazil, between August 2008 and January 2015; to compare data with the existing literature; and to examine potential correlations between clinical findings, aneurysm morphology, clinical complications and outcome. During the study period, 100 patients underwent surgery for ACoA aneurysm and a review of the medical records and neuroimaging files was performed. Of these, 15 had unruptured aneurysms and 85 had ruptured aneurysms. Of patients with ruptured aneurysms, most had a Hunt-Hess score of 1 or 2. Ruptured aneurysms had a higher aspect ratio than unruptured ones (2.37 ± 0.71 vs 1.93 ± 0.51, p=0.02). Pterional craniotomy was performed in all cases, and the side of the craniotomy was chosen depending on the preferential angiographic filling of the aneurysm. Intraoperative rupture occurred in 3% of cases (n=3), and temporary clipping was performed in 15% (n=15). Clinical vasospasm occurred in 43 patients with ruptured aneurysms (50.6%). The overall mortality was 26%: 25 patients in the ruptured aneurysms group (29.4%) and one in the unruptured group (6%). Outcome, measured by the Glasgow Outcome Scale was favorable (GOS 4 or 5) in 54% of patients, significantly more in those with unruptured aneurysms (p=0.01). In patients with ruptured aneurysms, mortality was associated with preoperative Hunt-Hess score (p<0.001), hydrocephalus (p<0.001), and clinical complications (p<0.001). Unfavorable outcomes were associated with Hunt and Hess score (p<0.001), Fisher grade (p=0.015), clinical vasospasm (p=0.012), external ventricular drainage (p=0.015), hydrocephalus (p<0.001), and presence of clinical complications (p=0.001). In patients with unruptured aneurysms, presence of clinical complications was the only factor associated with mortality (p<0.001). These findings are consistent with the literature and demonstrate that, despite advances in the management of subarachnoid hemorrhage and surgical treatment of aneurysms, mortality is still high, especially due to the various clinical complications that often arise

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