Brum, Liege Machado

Cogo, Ana Luisa Petersen

Flores, Giovana Ely

Lopes, Elisabeth de Fátima da Silva

Perdomini, Fernanda Rosa Indriunas

Santos, Maria Rejane Rosa dos

Scola, Maria Lucia

Portuguese

Lume 5.8

  164 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM PARA A GESTÃO DO CUIDADO: CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SERVIÇO Ana Luísa Petersen Cogo, Elisabeth de Fátima da Silva Lopes, Giovana Ely Flores, Fernanda Rosa Indriunas Perdomini, Liege Machado Brum, Maria Lúcia Scola, Maria Rejane Rosa dos Santos  Introdução: A educação em serviço é um desafio na medida que se propõe a apresentar/revisar conhecimentos, processos e dinâmicas no ambiente de trabalho. A atualização técnica e científica baseada em evidências não está isolada do processo de trabalho e da produção da subjetividade dos trabalhadores. Dessa forma, não pode ser desconsiderado que a finalidade das ações educativas são o atendimento das necessidades de saúde dos usuários. Existe uma diferença conceitual que merece atenção, caracterizando diferentes perspectivas de educação em serviço, as quais são a educação continuada e a permanente. Em muitos textos percebe-se que são utilizados como sinônimos quando na verdade possuem características e estratégias de implantação distintas (ALVES, ALMEIDA, HIGA, JORGE, 2016). A educação continuada se refere às ações no ambiente de trabalho que são propostas no formato de treinamentos e capacitações com enfoque na transmissão de conhecimento. A educação permanente em saúde é proposta primeiramente pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) nos anos de 1980 e no Brasil foi homologada como política nacional em 2003 (MICCAS, BATISTA, 2014).  A proposta da educação permanente é mais abrangente e pode incluir nas suas ações diversas capacitações, mas também inclui diferentes propostas educativas participativas como também são propostas ações fundamentadas em análise estratégica da instituição (BRASIL, 2009). Dessa forma, pode-se constatar a amplitude da educação permanente que procura agregar o desenvolvimento do trabalhador na instituição (BRASIL, 2009).  Assume-se o referencial da política de educação permanente como norteadora de propostas de formação dos profissionais da Enfermagem que atuam no âmbito de instituições hospitalares. Dessa forma, pretende-se discutir diferentes estratégias de ações educativas em consonância com a mesma. Objetivo: O objetivo do presente artigo foi desenvolver o tema da formação dos profissionais de Enfermagem para a gestão do cuidado no contexto da educação em serviço. Desenvolvimento: As ações educativas no contexto hospitalar assumem dimensões cada vez mais desafiadoras se considerarmos o atendimento das mais diversas demandas provenientes de programas de gestão da qualidade e de gerência de risco, entre outras. A articulação interprofissional é intensa e pode ser considerada um elemento que faz a diferença na efetividade dos resultados que se pretende atender (MOSSER, BEGUN, 2015). A integração da teoria com a prática é essencial nesse processo, as evidências científicas somente terão sentido se puderem ser incorporadas nos fazeres dos profissionais de Enfermagem. Muitos processos necessitam ser revistos e rediscutidos, até mesmo adaptados às realidades locais fundamentados nas experiências dos profissionais (FLORES; OLIVEIRA, ZOCCHE, 2016). A educação permanente é planejada com base nos indicadores institucionais, materializando-se em uma matriz de capacitações institucional indicada para todas as equipes de enfermagem e contextualizada, conforme as necessidades pontuais dos diferentes serviços, em matrizes setoriais. Nessas matrizes setoriais, os temas são indicados nas  discussões com a equipe de enfermagem, fazendo com que as ações educativas propostas, estejam de acordo com as necessidades de cada unidade e ou serviço. O plano é anual podendo sofrer adaptações ao longo do ano, demonstrando sua organicidade com o momento que é vivenciado. A comunicação entre os membros da equipe com o compartilhamento de informações é essencial no processo de educação permanente (MICCAS, BATISTA, 2014). Como expressão desse locus participativo é que foi proposta as rodadas de conversa e os grupos focados possibilitando em pequenos grupos e no espaço de trabalho dos profissionais a problematização breve e significativa de temas que fomentem a educação em serviço (BRUM, 2009). Uma das questões que merece atenção na educação em serviço é a recepção dos novos profissionais ao ambiente de trabalho. As   165 integrações de novos trabalhadores é a oportunidade de realizar o acolhimento, apresentar a estrutura da instituição, sua missão e valores, além de desenvolver as principais rotinas que irão colaborar com a adaptação do mesmo nas unidades. Em muitas instituições há a possibilidade dos novos profissionais conviverem por mais tempo em um ambiente real de cuidado nas denominadas unidades incubadoras. Nas instituições a educação a distância (EAD) tem se tornado um forte aliado no desenvolvimento de capacitações. A disponibilização de cursos online colabora na difusão do conhecimento que pode ser realizado no próprio local de atividade do profissional, sem haver a necessidade do deslocamento dos mesmos. Estudos demonstraram que as instituições utilizam pouco esse recurso e que muitos profissionais de Enfermagem gostariam que houvesse um maior investimento nesse recurso (FREIRE; FAGUNDES, 2016). Por outro lado, alguns estudos identificaram que os profissionais se sentem sobrecarregados nos seus locais de trabalho e que não indicavam a realização de atividades EAD concomitantes com a prestação do cuidado (HENTGES; COGO, 2015). A integração de atividades EAD com grupos focados e rodadas de conversa são oportunidades de consolidar o conhecimento. A participação do profissional de Enfermagem nas atividades de educação institucionais ocorre pela necessidade de realização das atividades ofertadas. Essa participação nem sempre ocorre por demanda espontânea, o que se justifica pelas jornadas múltiplas e a carga de trabalho com níveis de complexidade cada vez maiores. As propostas de realização de uma educação permanente participativa e crítico-reflexiva são apontadas como desafios a serem alcançados nas diferentes áreas da saúde, tanto na atenção hospitalar como básica (MICCAS, BATISTA, 2014).  Mas o que poderia estimular um profissional de Enfermagem a realizar atividades educativas? Ao pensar nas possíveis respostas a essa questão retomamos aos escritos de Jean Piaget (1976) que afirmou que para que ocorra aprendizagem é imprescindível que a pessoa tenha interesse, e este é desencadeado pela necessidade. Os profissionais somente irão se motivar, e observem que motivação é um processo individual, subjetivo e mutável, se perceberem que há a necessidade de aprenderem e problematizarem mais sobre um determinado tema. Nessa busca por novos conhecimentos e contatos é que surgem novos recursos, entre eles os cursos massivos, abertos e online (MOOC). Esse formato de curso EAD surgiu no ano de 2008 e a cada dia ganham mais divulgação, pois como cursos de curta duração, propostos por instituições renomadas (institutos de pesquisa, instituições governamentais, universidades) possuem uma flexibilização que sinaliza uma tendência de capacitação profissional externa às instituições de trabalho. Essa é uma opção que vem se apresentando e que materializa a necessidade dos profissionais em buscarem novos espaços de aprendizagem (PARULLA;COGO, 2015). A simulação realística ou clínica está se destacando como técnica que objetiva dinamizar as ações educativas no contexto dos serviços. A possibilidade de reproduzir situações vivenciadas no cotidiano auxilia na revisão de processos, integra os profissionais da saúde, sendo uma oportunidade para a tomada de decisão. O investimento é muito variável com manequins de alta fidelidade com muitos recursos de interatividade ou atores que conferem uma imersão mais realística (SCALABRINI NETO; FONSECA; BRANDÃO, 2017). 4 Conclusão: A educação permanente é a possibilidade de integrar as ações educativas em uma perspectiva participativa, orientada por indicadores institucionais que demonstram o alcance dos resultados, que consiga revisar o processo de trabalho. Nesse sentido os trabalhadores de enfermagem poderão ter subsídios para a gestão do cuidado. A utilização de tecnologias EAD e da técnica da simulação realística são apresentadas hoje como recursos de apoio para a realização das ações de educação permanente. Palavras-Chave: Educação em Enfermagem. Educação em Serviço. Tecnologia Educacional. Referências 1. ALVES, Daniela F.S.; ALMEIDA, Angélica O.; HIGA, Roseli S.;  JORGE, Angélica. Indicador de treinamento em educação continuada para enfermagem: análise em um hospital universitário. Rev. Eletrônica SIMTEC set.2016; 6: 49.   166 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na saúde. Departamento de Gestão da educação em Saúde. Política nacional de educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 3. BRUM, Liege M. A pedagogia da roda como dispositivo de educação permanente em enfermagem e a construção da integralidade do cuidado no contexto hospitalar. 132 f. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2009.  4. FLORES, Giovana E.; OLIVEIRA, Dora L.L.; ZOCCHE, Denise A.A. Educação permanente no contexto hospitalar: a experiência que ressignifica o cuidado em enfermagem. Trab. educ. saúde, 2016, v. 14, n. 2, p. 487-504. 5. FREIRE, Neyson P.; FAGUNDES, Maria C.M. Acesso à informação na enfermagem e aprimoramento profissional: contribuições da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. Revista Divulgação em Saúde para Debate dez 2016; 56: 90-7. 6. HENTGES, Isabel Cristina; COGO, Ana L.P. Existe um bom momento para fazer uma atualização em serviço? In: Redes vivas de educação e saúde: relatos e vivências da integração universidade e sistema de saúde. [recurso eletrônico] 1.ed. Porto Alegre: Editora Rede Unida, 2015. p.175-181. 7. MICCAS, Fernanda L.; BATISTA, Sylvia H.S.S. Educação permanente em saúde: metassíntese. Rev Saúde Pública 2014;48(1):170-185. 8. MOSSER, Gordon; BEGUN, James W. Compreendendo o trabalho em equipe na saúde. Porto Alegre: AMGH, 2015. 9. PARULLA, Cibele D.; COGO, Ana L.P. MOOCs na área da saúde: organização, avaliação e potencialidades. In: Anais 21 Congresso Internacional da ABED de Educação a Distância. Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2015/anais/pdf/BD_166.pdf Acesso em 01 mai 2017. 10. PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1976. 11. SCALABRINI NETO, Augusto; FONSECA, Ariadne S.; BRANDÃO, Carolina F.S. (Editores) Simulação realística e habilidades na saúde. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.  

A formação do profissional de enfermagem para a gestão do cuidado : contexto da educação permanente em serviço

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A formação do profissional de enfermagem para a gestão do cuidado : contexto da educação permanente em serviço

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