Vargas, Guilherme Krahl de

Lume 5.8

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM COMUNIDADES ESCOLARES:INTERAÇÕES COM A RESERVA BIOLÓGICA DO LAMICoordenador: SERGIO LUIZ DE CARVALHO LEITEAutor: GUILHERME KRAHL DE VARGASA sensibilização e a conscientização em relação às questões ambientaistorna-se uma necessidade na atualidade, quando ocorrem significativasmudanças antrópicas na natureza. Há necessidade de se repensar omodelo e as formas de ocupações sobre a superfície terrestre. Nessecontexto a educação ambiental mostra a sua relevância para oredirecionamento das ações. A Reserva Biológica do Lami JoséLutzenberger (REBIOLJL) se localiza no limite sul do município de PortoAlegre, às margens do Lago Guaíba. A REBIOLJL foi criada no ano de1975 e possui uma área de 204,04 hectares, tendo como objetivoprincipal a preservação da Efedra, espécie vegetal rara na atualidade,mas que já teve ocorrência abundante em toda a região da Laguna dosPatos. Entretanto a importância da REBIOLJL não se restringe apenas àpreservação de espécies raras. Torna-se mais ampla se considerarmosque ela é constituída por ecossistemas remanescentes das margens doGuaíba, local de grande biodiversidade. Como única reserva biológica dePorto Alegre, vem exercendo um papel fundamental na conservação dosecossistemas regionais frente a crescente expansão urbana. Além de seruma zona de preservação para as comunidades naturais remanescentesem Porto Alegre, a Reserva ainda destina-se como local para estudos,pesquisas e educação ambiental. A Zona de Amortecimento daREBIOLJL está diretamente relacionada às atividades humanas dacomunidade do bairro Lami. Percebemos que a área de atuação de umaUnidade de Conservação extrapola os limites de suas cercas, numaconstante inter-relação com as comunidades vizinhas. Nesse contexto, opresente projeto de educação ambiental busca aproximar a comunidadedo bairro Lami à REBIOLJL, atuando diretamente nas comunidadesescolares. O bairro Lami situa-se no extremo sul da cidade, pertencendoà zona rururbana. O bairro ainda está relat ivamente l ivre dasaglomerações urbanas características das áreas centrais, mas nosúltimos anos vem acolhendo um número cada vez maior de moradores,causando transformações na paisagem e na vida social local. Aaprox imação  in i c ia l  com os  amb ien tes  esco la res  ocor re  noestabelecimento de contatos com os professores e diretores, através decarta de apresentação, cópia do projeto e montagem conjunta docronograma de atividades. A ação é planejada com a proposta de seisencontros para oficinas por turma. Existe a necessidade de constanteadaptação das temáticas para o melhor aproveitamento dos elementos doentorno de cada escola. As oficinas são direcionadas por ações quep r o p o r c i o n e m  m o m e n t o s  d e  r e f l e x ã o  s o b r e  a s  r e l a ç õ e ssociedade-natureza; possibilitem o conhecimento sobre a diversidadebiológica do bairro Lami em (des)continuidade ecológica com aREBIOLJL, junto ao seu histórico de ocupação humana; coloquem a éticae a sensibilização como questões centrais para o despertar curioso doconhecimento; instiguem o sentido de pertencimento ao lugar e aautovalorização do jovem proveniente desse limite rururbano.  Para isso,a metodologia está sendo desenvolvida em duas etapas. A primeira temcomo objetivo principal a apresentação e conhecimento dos motivos dacriação da REBIOLJL e de sua relação com a comunidade, a qual moradentro dos limites da Zona de Amortecimento, bem como de suasconsequências, considerando vantagens e desvantagens de suaexistência. A segunda etapa aborda a conceituação de meio ambiente ede sua importância para a qualidade de vida no bairro Lami, junto aoselementos constituintes do ambiente (cultural e natural) no qual se inserea comunidade escolar, bem como as suas relações com os processosglobais. Promovendo desse modo o aprofundamento da integração entreagentes extensionistas e a comunidade escolar. Salienta-se que asatividades são desenvolvidas de forma transversal, e que a divisão emetapas respeita as sucessivas fases de vínculo no processo deensino-aprendizagem. As at iv idades prát icas podem tornar-secatalisadoras de ações locais com o intuito de difundi-las a toda acomunidade do Bairro. Considerando-se o efeito gerador/multiplicadorque os educandos da faixa etária entre dez e dezesseis anos possuem nacomunidade adulta, são solicitadas atividades para serem executadas emcasa com o auxílio de pais/responsáveis. As oficinas com o objetivo deapresentação da REBIOLJL são compostas por:  1- Folheto deapresentação (h is tór ico  da REBIOLJL,  def in ição da zona deamortecimento e sua delimitação), 2- Imagem de satélite da zona deamortecimento, 3- Imagens de fauna e flora característica da região doLami com enfoque no habitat dos animais e plantas. 4- Jogo com animaise plantas do Lami (são distribuídas cartas com imagens de fauna e florado local e textos descrevendo características e curiosidades dessesorganismos, os quais, textos e imagens, devem ser associados pelosalunos). 5- Teia da Vida (dispostos em círculo os alunos ligam os animaise plantas do exercício anterior nas possíveis relações ecológicas entreeles, formando uma teia no centro do círculo de alunos com o barbanteque simboliza as inter-relações), 6- Visita à REBIOLJL, onde os alunosconhecem sua estrutura e participam de uma trilha guiada tendo contatocom o ambiente, a flora e a fauna já trabalhadas nas oficinas anteriores.A segunda etapa do desenvolvimento é esboçada a seguir: 1- O âmbitolocal é trabalhado através do recurso didático de mapas mentais para acompreensão do espaço vivido. 2-Músicas: são apresentadas cançõescom letras retratando aspectos de conservação, sustentabilidade erelações entre rural e urbano. A partir das letras são geradas discussõese reflexões sobre os temas abordados. 3- ''A vida que há nas plantas'':são trabalhados aspectos da biologia das plantas como a fotossíntese esua importância em nossos ecossistemas e em nosso cotidiano. 4-''Sentindo as plantas'': oficina que visa despertar os alunos para ouniverso das plantas que os cercam. Atividade de sentidos não visuais,que anima os jovens a pensar acerca das funções que os seres vivoscumprem na natureza a partir da identificação sensorial das árvoressituadas no terreno da escola. 5- Confecção de um herbário com materialbotânico das árvores existentes no pátio de cada escola e a identificaçãodas árvores com placas. 6- Saída de campo no entorno: A partir doselementos constituintes do ambiente do entorno da escola e do interesseda comunidade escolar são propostas diferentes saídas de campo. Aproximidade da Escola E.E.F. Heitor Villa-Lobos com o Aterro Sanitárioda Extrema motivou uma visita ao aterro trabalhando a temática do lixo. Alocalização da Escola E.E.F. Genoveva da Costa Bernardes junto à praiapermitiu que a visita à REBIOLJL fosse realizada através de umacaminhada pelas margens do Lago Guaíba, destacando-se a importânciada mata ciliar, do juncal e dos demais elementos ambientais. As açõesem comunidades escolares estão cumprindo seu papel de fomentar ointeresse pela preservação e conservação ambiental. O retorno dosjovens durante as atividades desenvolvidas tem evidenciado suamotivação. As questões e trabalhos apresentados para argumentaçãonas oficinas foram solucionados, geralmente, com interesse numa faixaetária de dez a dezesseis anos. Crianças e adolescentes agem,geralmente, como multiplicadores de novas experiências junto àcomunidade adulta. Tem-se verificado a atenção dos profissionais dasescolas e familiares em relação à atividade dos alunos, iniciando-se umprocesso difusor de conscientização ambiental.

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