Coutinho, Julianna Godinho Dale

Hall, Gabriela Girardi

Kessler, Helena Pillar

Pereira, Carolina da Cunha Prado Correia

Rodrigues, Marina da Rocha

Lume 5.8

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA CASA DOS CATAVENTOSCoordenador: SANDRA DJAMBOLAKDJIAN TOROSSIANAutor: HELENA PILLAR KESSLEREste projeto tem como objetivo desenvolver oficinas de contação dehistórias como recurso de intervenção em situações de vulernabilidadesocial com as crianças frequentadoras da Casa dos Cata-ventos. Comisso, busca-se auxiliar na produção de estratégias de trabalho eintervenção para a escuta do sofrimento produzido pela vulnerabilidadesocial no encontro das crianças com seus cuidadores/educadores.Também promover novas intervenções na Casa dos Cata-ventos (projetode extensão parceiro), assim como a formação de profissionais para otrabalho psicológico no campo da saúde e da assistência social. Alémdisso, se dispõe a organizar um campo que promova grupalidade eorganização da subjetividade a partir de dispositivos que incluam asnarrativas culturais e singulares ao mesmo tempo em que se buscaproduzir conhecimento científico que contribua para a efetivação daspolíticas públicas nos campos pesquisados.  Tem-se como público alvocrianças e cuidadores frequentadores espontâneos da Casa dosCata-ventos e crianças e cuidadores de diversos serviços de Saúde aAssistência Social que frequentam a Casa dos Cata-ventos. As oficinasestão sendo desenvolvidas na Casa dos Cata-Ventos (projeto deextensão parceiro) localizada na Vila São Pedro (mais conhecida comoCachorro Sentado), um espaço para brincar e conversar destinado acrianças em situação de vulnerabilidade social e seus cuidadores. Asoficinas de contação de história compõem, nesse espaço, uma açãoconjunta com a qual é ali desenvolvida através do brincar.   As oficinastêm a participação das crianças frequentadoras da Casa bem comocrianças da creche da comunidade e do Espaço de Convivência da FASC(ex-SASE) da região. Os oficineiros são estudantes de psicologia ecursos afins previamente capacitados para a realização dos encontrosgrupais, acompanhados durante todo o percurso por reuniões de equipesemanais, nas quais se discutem, analisam e planejam as ações. Oprojeto constitui, também, um espaço aberto para estágio curricular emPsicologia, para a Residência Multidisciplinar em Saúde Mental e paraprát icas do curso de extensão "Contar e Br incar na Casa dosCata-Ventos". As oficinas são desenvolvidas com frequência duas vezespor semana, cada encontro com duração aproximada de uma hora emeia. Os grupos são compostos por crianças com idades entre 0 e 12anos. A estrutura da oficina compõe-se de dois momentos que seintercalam: um de narração de contos e um de atividade lúdica. Ashistórias são escolhidas pelas crianças e pelos oficineiros de acordo coma necessidade. A participação das crianças na leitura é solicitada atravésde diversos modos: desenhos, dramatizações, modificação do final dahistória, criação de histórias coletivas.Registros de vídeos e fotografiatambém poderão ser utilizados na contação, bem como momentos de"cinema" para a narração da história. Tem se comprovado que as oficinassão espaço de expressão para o sofrimento e para a narração da vidacotidiana dos seus participantes, em função do contexto coletivo e grupalno qual acontecem bem como pela materialidade do conto. A partir daemergência da literatura infantil e da presença de um espaço lúdico queconduza o diálogo entre um sofrido cotidiano e um  texto  inesperado,nosso objetivo é transpor  os  limites  das histórias pessoais na busca pornovas significações  a partir  das descobertas  de outras  narrativas.Assim, apostamos  que esse  trabalho contribua para a narração deoutras   infâncias,   infâncias  não  centradas  na vulnerabilização   social.Além disso, procura-se pensar   como   o   trabalho   com  essascrianças   afeta   os   encontros   e desencontros   dos   profissionais   daárea,   buscando   possibilitar   novos   sentidos   e significações   sobre avulnerabilidade   social,  os  quais,  enquanto  formações  discursivas,frequentemente paralisam as apostas no trabalho com as crianças.Considerando a metodologia da pesquisa-intervenção, entendemos que aproposta de extensão e pesquisa se modifica no encontro com o campode trabalho.  Sendo assim, os objet ivos não estão totalmentedeterminados a priori, a não ser o objetivo em si de buscar umatransformação do olhar sobre o próprio projeto.  Entendemos que osresultados apontados na seção anterior são pistas de que algo seconstituiu como dispositivo clínico no contexto referido. Essas pistasindicam a apropriação das crianças da dinâmica das oficinas, porexemplo, quando elas mesmas definem o  final  e o desenrolar  dahistória  que começamos  a contar  e  sugerem outras possibilidades denarrativa a isso que lhes é oferecido. Da mesma forma, percebemos queo envolvimento dos profissionais dos locais com a oficina tem  disparadoefeitos   de estranhamento e problematização das formas de cuidado eeducação, o que consideramos saudável enquanto   produção   desubjetividade   no   trabalho,   evitando   a   cristalização   do saber/fazer.Também consideramos importante apontar a mobilização que o projetotem suscitado nas extensionistas, o que permite tensionar o campo danossa formação.Diversos questionamentos têm surgido quanto à melhorforma de abordar a clínica nas situações de vulnerabilidade social e osatravessamentos ético-políticos que essa clínica implica. Assim,deixamos em aberto a questão sobre a quem se destina a extensão, jáque tem agregado muito valor a nossa prática enquanto profissionais emformação.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA CASA DOS CATAVENTOS

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Lume 5.8