Influência do polimorfismo Val66Met do gene do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no tratamento da doença de Parkinson

Abstract

A doença de Parkinson (DP), a segunda doença neurodegenerativa mais freqüente e caracteriza-se pela degeneração de neurônios dopaminérgicos da substantia nigra pars compacta do estriado, que está relacionada com os sintomas da doença. A Levodopa é a medicação mais eficaz para o controle dos sintomas motores da doença de Parkinson. Entretanto, seu uso continuado, relacionado à plasticidade neuronal, pode provocar o surgimento de fenômenos indesejados, como a flutuação motora, a discinesia e a alucinação. O declínio cognitivo associado à DP é outro fator muito freqüente e também dificulta o manejo e prejudica a qualidade de vida dos pacientes. O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) é uma proteína altamente expressa no sistema nervoso central. O BDNF promove sobrevivência, diferenciação, manutenção dos neurônios e plasticidade sináptica estando incluídos os neurônios dopaminérgicos da substantia nigra. Um polimorfismo (G196A) na região codificadora deste gene determina a substituição de uma valina por uma metionina no códon 66 da proteína. O objetivo do presente estudo foi determinar a influência do polimorfismo Val66Met do gene BDNF na dose equivalente de levodopa utilizada por pacientes com doença de Parkinson, no desenvolvimento de declínio cognitivo e na ocorrência de discinesias, alucinações e flutuações motoras induzidas por esse medicamento. Cento e setenta e dois pacientes em atendimento no Ambulatório de Distúrbios do Movimento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre com diagnóstico de doença de Parkinson idiopática foram incluídos no estudo. As amostras de DNA foram extraídas pelo método de salting out, a partir de sangue periférico. O polimorfismo foi amplificado pela técnica de PCR. Os produtos de amplificação foram clivados com Eco72I e visualizados por eletroforese em gel de agarose a 3,5% corado com brometo de etídio. As freqüências genotípicas foram AA (4,1%), AG (27,3%) e GG (68,6%). Os três genótipos não apresentaram efeito significativo quanto à dose equivalente, a presença de discinesias, alucinações e flutuações motoras. Porém os genótipos apresentaram uma tendência de associação (P=0,05) com declínio cognitivo na DP. Outras variantes do BDNF e outros genes podem estar envolvidos na ocorrência dos efeitos colaterais da levodopa

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