Cruz, Luciano Camargo

Ferla, Alcindo Antônio

Ribeiro, Alexandre Moretto

Portuguese

Lume 5.8

O portal do Observatório das Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde - OTICSSSAlexandre M. Ribeiro, Luciano Camargo Cuz e Alcindo Ferlaaribeiro@ucs.br; lccruz@ucs.br; alcindoferla@uol.com.brO Observatório das Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICSSS) é composto por um conjunto de soluções tecnológicas e operacionais que abrangem aspectos tecnológicos e político-organizacionais, visando qualificar o monitoramento e avaliação de indicadores de saúde, bem como criar meios que facilitem o acesso e a troca de informações entre os diversos atores envolvidos com informação em saúde, estabelecendo, desta forma, a base para um processo permanente e contínuo de gestão e de ensino no sistema de saúde. Entende-se aqui que o conceito de “Observatório” engloba um conjunto de soluções capazes de captar, tratar e disseminar informações e conhecimentos para dar suporte à tomada de decisões a uma rede de atores definidos, envolvidos com processos de gestão e de ensino no sistema de saúde.O portal na Internet é o aspecto visível do Observatório, ele constitui-se em uma ferramenta de fortalecimento  do  uso  da  informação  e  suas  tecnologias,  além  de  disponibilizar  recursos tecnológicos para a utilização mais ampliada. Tem uso como ferramenta de cooperação técnica mais horizontal entre instituições e sistemas locorregionais de saúde. O portal entrou em operação no final de 2008, estando acessível em http://www.oticsss.org. Desde a sua implantação o portal vem sendo utilizado em ações de formação e oferecendo serviços à comunidade. A socialização do conhecimento pode ocorrer de diversas maneiras e por inúmeros meios, entre estes estão as Comunidades Virtuais, em especial as Comunidades de Prática (CdP).  O conceito de comunidade de prática antecede a Web e o surgimento dos portais corporativos tendo sido cunhado pelo teórico organizacional Etienne Wenger (Wenger 1998), baseado em comunidades que reuniam pessoas unidas informal e contextualmente por interesses comuns no aprendizado e, principalmente, em uma determinada prática.  Uma  comunidade de  prática  consiste  num grupo de  pessoas  que compartilham um interesse sobre um assunto ou problema e aprendem com interações regulares. Este contato entre os membros da comunidade pode ocorrer de forma presencial ou mesmo virtual, mas deve possibilitar a troca de informações e conhecimentos, que ao serem postos em prática pelos outros membros, auxiliam na busca de soluções e das melhores práticas, promovendo o aprendizado do grupo. Produzir e socializar o conhecimento adquire uma nova dimensão com o uso da tecnologia. Poucos trabalhos são encontrados que forneçam ferramentas de Gestão de Conhecimento de uso prático e direcionado ao contexto acadêmico. Foi com base no conceito de Comunidade de Prática que se buscou desenvolver o portal como uma ferramenta de gestão da atividade colaborativa de modo que as próprias práticas  (administrativas e pedagógicas) sejam redimensionadas  em um contexto de evolução e  detalhamento colaborativo,  constituindo um atrativo fundamental  na socialização do conhecimento.Antes mesmo de ter o seu uso público disseminado, o portal foi, e continua sendo, utilizado como habitat virtual para o grupo de pesquisadores envolvido no projeto, fornecendo o suporte necessário ao trabalho colaborativo e distribuído que caracterizam este projeto multicêntrico.No que diz respeito aos aspectos educacionais, o ambiente virtual construído no portal do OTICSSS leva  em consideração  as  particularidades  da  formação  na  área  da  saúde,  onde  o  ambiente  de aprendizagem  é  distribuído,  e  envolve  não  apenas  os  professores  e  alunos,  mas  também  os profissionais da saúde presentes nesses locais.  Foi criado o conceito de Ambiente Híbrido para definir  o  tipo  de  ambiente  desenvolvido,  em virtude  de  integrar  os  ambientes  de  ensino  mais tradicionais  com os  ambientes  de  prática  profissional,  e  de  ser  parcialmente  virtual  (portal  do Observatório) e parcialmente concreto (laboratórios, UBSs, Ambulatórios, Hospitais,...). Ao mesmo tempo que a educação vem ganhando um caráter permanente, contínuo, e que transcende o modelo de ensino tradicional,  a tecnologia está cada vez mais presente (Demo 2006). Novas instituições  estão  sendo  concebidas,  considerando  que  a  Universidade  está  se  tornando  uma instituição cada vez mais virtual e global (Tiffin e Rajasingham 2007). Em paralelo, a aprendizagem vem  ganhando  destaque  também  nos  ambientes  profissionais,  como  pode  ser  observado  pelo surgimento da Universidades Corporativas e dos Living Labs (ambientes de trabalho virtuais).Entre  as  ações  de  ensino  realizadas  no  âmbito  do  Observatório  destacam-se  uma  Oficina  de Integração  Ensino-Serviço,  num curso  de  especialização  em  Gestão  Participativa  em  Políticas Públicas e Saúde e uma disciplina de mestrado em Gestão de Políticas de Saúde, ambos contendo atividades à distância. Enquanto que, dentre os serviços, destacam-se as ferramentas de consulta às bases de dados da área da saúde. Uma delas permitindo a consulta às bases do Datasus referentes ao SIM e ao SINASC, de modo livre, ou a partir dos indicadores definidos pela RIPSA (Ripsa 2008), fazendo  o  seu  cruzamento  com dados  demográficos  (IBGE),  e  a  outra  apresentando  os  dados referentes às principais endemias e à mortalidade no estado do Pará, sendo que ambas permitem o geo-referenciamento dos resultados. O  aprender  é  um  ato  social.  Pessoas  que  se  empenham  em  atividades  conjuntas  se  ajudam mutuamente  e  compartilham  informações,  cabendo  ao  moderador  da  comunidade  fomentar  as relações e as trocas entre os indivíduos. Os membros precisam de atenção, organização e estímulo para definir  seus  papéis,  a  frequência dos  encontros,  as  formas de interação,  as atividades  que produzirão  energia  e  confiança,  o  equilíbrio  entre  os  vários  interesses  associados,  a  forma  de atuação diante de conflitos e as formas de receber os novos admitidos. Estes tópicos permitem que a comunidade encontre seus meios de operação, a construção dos relacionamentos e cresça. Um dos conceitos-chave quando se pensa na construção de um Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde é o conceito de integração de dados. Em que pesem as críticas recorrentes à qualidade e capacidade de integração dos dados/microdados existentes nos Sistemas Nacionais de Informação e outros bancos de dados em saúde e áreas afins (principalmente os do IBGE), sua diversidade auxilia o processo de monitoramento e avaliação das políticas de saúde no Brasil, ressaltando seus limites e possibilidades, principalmente utilizando-se técnicas  de  ‘linkage’  dos  dados  brutos  disponíveis,  otimizando  ainda  mais  o  processo  de disseminação e facilitando o longo trabalho de planejamento, coleta, crítica, processamento, análise e, enfim, do próprio monitoramento e avaliação da atenção à saúde.A integração de bases de dados por meio de soluções tecnológicas com capacidade ergonômica aos processos  de  trabalho na gestão  e  no  ensino constitui  um campo problemático  pela  necessária construção interdisciplinar, mas também pelo intenso diálogo com a natureza singular das práticas que se desenvolvem nesses processos. O conceito de capacidade ergonômica procura absorver: • A facilidade  na  sua  incorporação  aos  processos  de  trabalho  no  ensino  e  na  gestão, compreendida como a capacidade de não constituir-se como fator de sobrecarga, mas de otimização desse processo; • A capacidade de tornar  visíveis  “ruídos” no processo de trabalho,  ou seja,  de situações marcadoras de problemas na sua organização, sob a perspectiva dos seus resultado;• A capacidade  de  auxiliar  os  diferentes  sujeitos  a  refletirem  sobre  o  trabalho  em  si, fortalecendo a sistematização do que pode produzir conhecimento no processo de trabalho e a atuação crítica dos sujeitos que operam esse trabalho. Ou seja, a tecnologia torna-se, aqui, um ator,  se  utilizado o conceito de ator-  rede (Latour,  1996),  e um forte  dispositivo de educação permanente em saúde. Duas características  importantes do portal  são a flexibilidade e  facilidade de uso,  permitindo a criação de novos ambientes e espaços de trabalho, bem como a sua reconfiguração sempre que necessário. Pelos requisitos de usabilidade que foram levados em consideração no projeto do portal, não são necessários conhecimentos técnicos específicos para poder utilizar as diversas ferramentas disponíveis.Um dos grandes desafios neste momento é criar uma comunidade de usuários do Observatório. Este trabalho vem se desenvolvendo pela disponibilização no portal  de material  de interesse público (relatórios, artigos, …), notícias sobre o uso de TICs na Saúde e serviços disponíveis (como por exemplo o acesso a ferramentas de análise de bases de dados com geo-referenciamento).Referências Bibliográficas:Demo, P. Formação Permanente e Tecnologias Educacionais. Editora Vozes, 2006.Tiffin, J.; Rajasingham, L. A Universidade Virtual e Global, Editora Artemed, 2007, 216p.Latour, B. On actor-network theory: a few clarifications. Jahrgang, 47(4): 369-381, 1996.Ripsa. REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE. Indicadores básicos de saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2a Edição. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2008, 349p.Wenger,  Etienne.  Communities  of  Practice  –  Learning,  Meaning,  and  Identity.  Cambridge: Cambridge University Press, 1998. 

O portal do Observatório das Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde

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