Farias, Reni Campos

Passos, Camila Greff

Ramires, Júlia Razzolini

Salgado, Tania Denise Miskinis

Portuguese

Lume 5.8

Evento Salão UFRGS 2014: X SALÃO DE ENSINO DA UFRGSAno 2014Local Porto Alegre - RSTítulo Ensino de Química e deficiência visual: uma experiência no Pibid/Química.Autores RENI CAMPOS FARIASJÚLIA RAZZOLINI RAMIRESTANIA DENISE MISKINIS SALGADOCAMILA GREFF PASSOSPor meio do trabalho com a docência compartilhada entre os bolsistas PIBID e o professor de Química da Escola, começam a fazer sentido várias questões que anteriormente eram debatidas, em disciplinas pedagógicas, mas que se viam muito longe de uma perspectiva real de trabalho a ser realizado em sala de aula. Quando entrei em sala de aula em uma escola da rede pública estadual, me deparei com situações desafiadoras, como esta em que o bolsista compartilha a sala com um professor. O desafio de ir à escola e trabalhar com os alunos se mostrou cada vez mais interessante, primeiro porque descobri que, em sala de aula, só se consegue trabalhar depois que se ganha a confiança da turma. Porém o maior desafio estava por vir, pois em uma das turmas havia uma aluna com deficiência visual. Esse fato me fez repensar como seriam os meus trabalhos nas turmas em que compartilharia a docência. Então pude perceber que para cada turma teria que ter posturas diferentes, já que eu teria que pensar como e quais atividades poderiam ser aplicadas em sala de aula. O desafio da acessibilidade é uma realidade no ensino brasileiro, pois além de ser um direito constitucional uma educação de qualidade a todos, cada vez mais os governos elaboram políticas públicas que promovem a integração de alunos com necessidades especiais à rede publica de ensino. Essa integração é garantida pela LDBEN (Lei 9394/96), que em 2001 teve acrescentado pelo MEC o capítulo V, que trata dos direitos dos discentes com deficiência (Art. 58) e coloca como dever constitucional do Estado e da escola garantirem aos alunos com deficiência uma escolarização de qualidade. Garante a esse aluno “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades” assim como exige profissionais qualificados com grau superior e médio para atender suas necessidades. Sabendo que se deve ensinar o conteúdo com igualdade a todos os alunos, comecei a me perguntar: Mas como nós, docentes e futuros docentes, devemos nos preparar para esse trabalho com alunos com deficiência? E que tipos de dificuldades esse discentes podem estar tendo no modo tradicional de ensino? Como seriam trabalhados, com essa turma, os mesmos conteúdos que seriam desenvolvidos com as outras? Comecei a procurar meios alternativos, que não necessitassem do sentido da visão para a compreensão dos temas trabalhados. Passei então a explicar os conteúdos com uma atenção especial à aluna com deficiência visual, para que ela relacionasse o assunto tratado em sala de aula ao seu dia a dia e assim compreendesse conceitos básicos da Química, como saber o que são sais, óxidos, bases e ácidos. Foram usados como forma de exercitar essa aprendizagem exercícios orais, nos quais a aluna foi questionada sobre que tipo de substâncias e produtos do nosso dia a dia seriam ácidos, bases, óxidos ou sais. E usando o mesmo principio foi elaborada a avaliação da aluna, pois enquanto a turma realizou uma prova tradicional, a aluna foi questionada oralmente sobre os temas que foram trabalhados com ela. Nessa situação, percebi a necessidade de apresentar à aluna com deficiência visual uma tabela periódica, porque percebi certa dificuldade para entender alguns dos temas abordados. Mas como faria isso? Pois uma tabela periódica tradicional, impressa em papel, não atenderia as necessidades da aluna. Foi então decidido aproveitar a tabela periódica de uma das bolsistas do Pibid Química da escola, que era uma tabela em braile feita com lantejoulas, como parte das atividades da disciplina de Acessibilidade e Tecnologia Assistiva na Educação Inclusiva da Faculdade de Educação. A apresentação da aluna à tabela foi em um dia de exercício tradicional em folha impressa. A tabela foi colocada sobre a mesa, à frente da aluna, de modo que ela pudesse tocar e sentir os grupos químicos que possuem símbolos diferentes, permitindo assim a ela identificar as famílias dos elementos. A aluna possuía uma sensibilidade maior do que eu imaginava nos dedos, pois ela soube identificar a região dos metais, percebendo que o papel havia sido pintado nessa região e gostou de poder perceber os ametais, que possuíam textura de camurça. Ela teve dificuldade em identificar alguns símbolos feitos com lantejoulas, daí conversamos como podemos fazer uma tabela menor e mais prática para o uso. Quando a questionei sobre o que ela achou da tabela ela me respondeu que achou “incrível”. Porém existe a necessidade de ser feita com uma régua ou máquina de braile, para ser de mais fácil manuseio. Os desafios de se trabalhar com alunos com deficiências são enormes, porém acredito ser possível o trabalho, desde que haja uma formação adequada e dedicação para isso. Essas são questões que devem estar presentes nos currículos das licenciaturas, pois será cada vez mais comum o professor ter alunos com deficiência em turmas regulares de ensino médio e nós, bolsistas, temos oportunidade de nos prepararmos para esta situação. 

Ensino de Química e deficiência visual: uma experiência no Pibid/Química.

https://lume.ufrgs.br/bitstream/10183/114462/1/Ensino2014_Resumo_38352.pdf

Ensino de Química e deficiência visual: uma experiência no Pibid/Química.

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