Efeito de borda e de distúrbio antrópico sobre a fauna de insetos galhadores em transições floresta-campo

Abstract

O efeito de borda em florestas é bastante estudado, porém pouco se sabe sobre as respostas das interações entre espécies a este efeito. O mesmo acontece quando se trata de distúrbios antrópicos, muitas vezes presentes após o processo de fragmentação. Apesar de não terem sido originadas por tal processo, as transições floresta-campo existentes nas florestas com Araucaria do sul do Brasil são submetidas aos distúrbios causados pelo pastejo e manejo por fogo, possuindo características semelhantes às bordas florestais mantidas no seu ponto de criação. No Capítulo 1, o efeito de borda e de distúrbios antrópicos sobre a fauna de insetos galhadores foi testado em transições floresta-campo, em termos de riqueza e composição destes organismos, comparando-se tanto bordas e interiores florestais quanto graus de distúrbio (com distúrbio e em regeneração), e adicionalmente foram feitas comparações entre manchas florestais naturais e a floresta contínua. Considerando as hipóteses propostas para os padrões de distribuição dos insetos galhadores, espera-se que existam mais espécies nas bordas de florestas comparadas ao interior, e que os distúrbios afetem estas respostas. Apesar das bordas em geral não terem apresentado maior riqueza de espécies que o interior, o padrão foi oposto ao esperado em locais com presença de distúrbio, com interiores mais ricos que bordas. A composição de espécies foi diferente entre os habitats e entre graus de distúrbio, e as porções de floresta contínua amostradas foram mais ricas que manchas florestais. Além disso, a fauna de insetos galhadores das manchas florestais foi um subconjunto da floresta contínua. Os resultados reforçam a relação dos padrões de distribuição da vegetação com os insetos galhadores, que indiretamente responderam ao efeito de borda e de distúrbios antrópicos atuando sobre suas plantas hospedeiras. No Capítulo 2 é apresentado de forma pioneira um inventário das galhas de insetos da Floresta com Araucária, referente às galhas coletadas para o estudo apresentado no primeiro capítulo. São listadas as espécies de insetos galhadores e suas plantas hospedeiras, com informações sobre a morfologia das galhas e a ocorrência nos locais amostrados. Foram encontradas 57 espécies de insetos galhadores (a maioria Diptera: Cecidomyiidae), em 43 espécies de plantas pertencentes a 18 famílias botânicas. As galhas foram predominantemente caulinares ou em gemas, glabras, isoladas, fusiformes e de coloração verde. Myrtaceae, Asteraceae e Melastomataceae foram as famílias de plantas mais representativas. Os valores brutos totais de galhas por habitat ou local mostraram-se semelhantes entre borda e interior, porém foram relativamente maiores na área sem distúrbio e na floresta contínua, esta última abarcando um grande número de galhas que ocorreram nas manchas. A existência de áreas sem distúrbio do pastejo e manejo por fogo se mostrou relevante para a conservação da fauna de insetos galhadores, que podem se estabelecer e manter suas populações. O conhecimento da diversidade destes organismos é um fator chave para o desenvolvimento de ações mais claras visando sua preservação.The edge effect on forests is widely studied, however little is known about species interactions responses to this effect. The same is true for anthropogenic disturbances, many times present after the fragmentation process. Despite not originated by this process, forest-grassland boundaries of Araucaria forests in southern Brazil are under disturbance by cattle grazing and fire, presenting characteristics similar to forest edges maintained at their point of creation. In Chapter 1, edge and anthropogenic disturbance effects on the galling insect fauna were tested in forest-grassland boundaries, in terms of richness and composition of this organisms, comparing both forest edges and interiors as degrees of disturbance (disturbed and recovering), and additional comparisons were performed between natural forest patches and a continuous forest. Considering hypotheses proposed to distribution patterns of the galling insects, it is expected that forest edges would harbor more species compared to forest interior, and that disturbances would affect the outcome. Although edges in general did not present higher species richness than forest interiors, the pattern was opposite to the expected in disturbed sites, with forest interiors richer than edges. Species composition differed between habitats and disturbance degrees, and portions of continuous forest were richer than forest patches. Furthermore, the galling fauna of forest patches was a subset of the continuous forest. Results strengthen the relation between vegetation distribution patterns and galling insects, which indirectly responded to edge and disturbance effects acting on their host plants. In Chapter 2 it is pioneering presented an inventory of insect galls from Araucaria forest, referring to the galls collected to the study presented in first chapter. Galling insect species and their host plants are listed, with information about gall morphology and occurrence in sites sampled. Fifty seven galling insect species were found (mostly Diptera: Cecidomyiidae), in 43 host plants belonging to 18 plant families. Galls were predominantly induced on stem or buds, glabrous, isolated, fusiform and green. Myrtaceae, Asteraceae e Melastomataceae were the most representative plant families. Total raw values of galls per habitat or site were similar between forest edge and interior, but were relatively higher in the recovering area and in continuous forests, the latter embracing a great number of galls occurring on forest patches. The existence of areas without disturbance by cattle grazing and fire management was important to the conservation of galling insect fauna, which can establish and keep their populations. Knowledge of the diversity of these organisms is a key factor to the development of clearer actions seeking its preservation

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