A asma brônquica é uma doença crônica inflamatória das vias aéreas que vem despertando preocupação crescente, em função do aumento na sua incidência e mortalidade observados nos últimos anos. Com o objetivo principal de avaliar a sua prevalência e seus fatores de risco, conduziu-se um estudo epidemiológico de base populacional, delineamento transversal, em uma amostra representativa de adultos de 20 a 69 anos de idade, residentes na zona urbana de Pelotas, RS. Foram entrevistadas 1.968 pessoas. Desse total, 446 pessoas foram aleatoriamente selecionadas para realizarem espirometria e, quando esta mostrava-se normal, teste de broncoprovocação com metacolina. Ainda foram realizados testes para atopia. Houve 9,6% de recusas para as entrevistas e 20,2% de perdas para os exames complementares. Mais de metade da amostra era constituída por pessoas com idade inferior a 50 anos, sendo 57% do sexo feminino e a maioria da raça branca. A renda familiar, na maioria da amostra, era de até três salários mínimos. A prevalência de “sintomas atuais de asma” foi de 6,0%. Observou-se variação na prevalência de asma com a utilização de diferentes critérios diagnósticos: asma cumulativa: 14,3%; diagnóstico médico de asma: 12,9%; asma atual: 4,7%; e sintomas atuais ou reversibilidade (obstrução com resposta ao broncodilatador ou broncoprovocação positiva): 9,3%. Gravidade da asma foi avaliada conforme história de hospitalização por asma, mais de seis visitas ao pronto-socorro por ano e internação em Unidade de Tratamento Intensivo. Cerca de 30% dos asmáticos preencheram algum critério de gravidade para asma. Apenas 20% dos pacientes com asma haviam consultado no último ano pela doença e somente 30% utilizava alguma medicação antiasmática. Em relação aos fatores de risco, na análise bruta, as variáveis associadas à prevalência de “sintomas atuais de asma” foram: sexo feminino, faixa etária dos 60 aos 69 anos, cor da pele não branca, baixas escolaridade e renda familiar, história familiar de asma e atopia, história pessoal de atopia, tabagismo, índice de massa corporal baixo e a presença de distúrbios psiquiátricos menores. Na análise multivariada, construiu-se um modelo teórico-hierarquizado cujas variáveis de um determinado nível foram controladas pelas variáveis de níveis precedentes e do mesmo nível. Permaneceram relacionados à presença de “sintomas atuais de asma” os seguintes fatores de risco, em ordem decrescente de razão de prevalência: história paterna e materna de asma (RP=5,4), presença de distúrbios psiquiátricos menores (RP=2,8); idade de 60 a 69 anos (RP=2,1); renda familiar inferior a 1,01 SM (RP=2,1); história pessoal de atopia (RP=1,9); e sexo feminino (RP=1,4). Os resultados do presente estudo salientam a variação na prevalência de asma com a utilização de diferentes critérios diagnósticos, e confirmam a importância dos fatores genéticos, sociais e relacionados ao estilo de vida na ocorrência da doença.Asthma is a chronic inflammatory disease which affects airways and it is an important public health problem due to its increase in incidence and mortality rates in the last years. The present cross-sectional survey aimed to measure the prevalence of asthma and its risk factors in a random sample of the general population, aged 20-69 years, living in the urban area of Pelotas, RS. A questionnaire was administered to 1.968 people and a subsample of 446 subjects were randomly selected and invited to attend the hospital for measurements of pulmonary function (spirometry and methacoline challenge) and skin tests. The refusals for the interviews were 9.6% and for the spirometric and skin tests 20.2%. Most of the people were under 50 years of age, 57% females and 83% white. The family income in most of the sample was under three minimal wages. The prevalence of “current symptoms of asthma” was 6.0%. The prevalence of asthma according to other definitions was: cumulative asthma: 14.3%; diagnosed asthma: 12.9%; current asthma: 4.7%; and symptoms or reversibility (wheezing and chest tightness or positive bronchodilator test or methacoline challenge): 9.3%. The severity of asthma was evaluated according to the history of hospital admissions, more than six visits/year at the emergency room or admission at the intensive care unity. About 30% were considered severe asthmatics. Only 20% of patients with asthma had consulted a doctor in the last year and 30% had been having some asthma treatment. The risk factors associated with the outcome “current symptoms of asthma” in the crude analyses were: female sex, aged 60-69 years, non white skin, low education, low household income, family history of atopy and asthma, atopic disease history, smoking, low body mass index and minor psychiatric disorders. The multivariate analyses took into account theoretical hierarquical relationship between the proposed risk factors and the outcome; the variables of a determinated level were controlled by the variables of the precedent and the same levels. The following risk factors remained associated with “current symptoms of asthma”, in decreasing order of prevalence ratio: mother and father with asthma history (PR=5.4); minor psychiatric disorders (PR=2.8); age 60-69 years (PR=2.1); household income under 1.01 MW (PR=2.1); atopic disease history (PR= 1.9); and female sex (PR=1.4). The results of the present study point out the variation in asthma prevalence according to different definitions and confirm the importance of genetic, social and life-style factors in the occurrence of this disease