research

O que pode um rosto? O que pode um braço? O levante brasileiro e a nova estética do protesto

Abstract

O presente artigo discute a estética sócio-política das manifestações que ocorreram no Brasil em 2013, a partir do entendimento guattariano da estética como o estudo das formas de contato entre os corpos. Primeiramente, apresento os pontos cegos e excessos das análises que focam nos aspectos violentos dos protestos. Especifico esses pontos cegos em termos da onipresença do significante “fascismo” no imaginário político brasileiro; e em termos dos impasses em torno do significante “revolução”. As análises exacerbando a dimensão violenta dos protestos falham em ver alguns modos de subjetivação emergentes, que são centrados no cuidado e na contenção mútua. Para dar conta desses modos de subjetivação, comparo a ideia da rostidade capitalista de Guattari (a “máquina com quatro olhos”), com a ideia de Freud do jogo do “Fort-Da”. Um novo olhar para a proposição de Freud pode nos levar a um novo paradigma da política e a uma nova semântica da proximidade social. A radicalidade na proposta de Freud consiste em falar de uma subjetividade não-rostificada e corporificada. Voltando-me para episódios do levante brasileiro, proponho duas questões mutuamente elucidativas sobre a nova estética do protesto: “O que pode um rosto?” e “O que pode um braço?”. Aponto então para formas de re-corporificação e re-democratização do rosto e para a des-rostificação dos corpos

    Similar works